Grotte di Catullo em Sirmione, ruínas da vila romana no Lago de Garda
A Grotte di Catullo em Sirmione, ou cavernas, grutas ou grota de Catulo, na verdade são as ruínas de uma vila romana construída entre o final do século I a.C. e o século II d.C.
O sítio arqueológico fica no extremo norte da península da cidade medieval italiana no Lago de Garda, que tem atrações como o Castelo Scaligero.
As escavações do local revelaram cerca de dois hectares de uma mansão, incluindo os cômodos, fragmentos de afrescos, ruas com colunatas e um olival com 1.500 plantas.
Além disso, a localização privilegiada do sítio na ponta da península de Sirmione permite uma bela vista das águas azuis claras do lago e da praia da Jamaica, acessível apenas a pé ou de barco.
O nome de grota ou caverna se deve ao fato de que quando foi descoberta, a vila estava coberta de terra e vegetação e os cômodos pareciam cavernas e cavidades naturais.
A referência a Catullo (87–54 a.C.) vem dos versos que o poeta dedicou à bela Sirmione e da crença errônea que ele seria o proprietário da residência.
Nesse post contamos como é a visita às ruínas e ao museu que faz parte dos complexo arqueológico da Grotte di Catullo.
Um breve histórico da Grotte di Catullo em Sirmione
Quando o local foi encontrado no século XV, viajantes confundiram as ruínas da vila romana com cavernas ou grutas naturais, porque estavam cobertas de vegetação.
Também acreditava-se que o local era propriedade do poeta romano Caio Valério Catulo (Gaius Valerius Catullus), que descreveu Sirmione como “uma pequena joia lacustre”.
Porém o poeta só poderia ter visitado a península antes da construção do edifício, já que que morreu em 54 a.C.
Na verdade a construção da vila se deu durante o período do primeiro imperador romano, Otaviano Augusto (27 a.C. – 14 d.C.), a Era Augusta.
Nesse período, a nova classe dominante local de Brescia e Verona também expressou o poder político através de suas residências, por isso supõe-se que a mansão de Sirmione tenha pertencido à família aristocrática Gens Valeria, de Verona.
O local teria sido abandonado no século IV e serviu até para sepultamentos, mas vários artefatos ainda estão enterrados no subsolo.
Hoje a Grotte di Catullo está entre os sítios arqueológicos mais visitados da Itália.
Grotte di Catullo em Sirmione: como era a vila romana
Foi preciso nivelar o solo em uma área ampla, construir a vila em três níveis diferentes e recorrer a estruturas de suporte parcialmente subterrâneas para superar a inclinação natural da rocha no local da casa.
Escadas internas iluminadas por janelas conectavam os diferentes níveis do edifício.
Apesar da complexidade arquitetônica, a obra preservava uma harmonia com a paisagem, com áreas amplas e com vista pelo lago em três lados.
A antiga mansão tinha uma estrutura retangular (167,5 × 105 m), inúmeras varandas, um spa e terraços.
A residência tinha ainda um grande jardim com pórticos no meio e cobria uma área de aproximadamente 20 mil metros quadrados.
A entrada principal e as salas de estar ficavam voltadas para o sul com uma fachada monumental.
Ao lado da entrada, à direita, estavam o átrio retangular, uma grande sala de jantar e salas com pátios internos amplos.
No setor à esquerda da entrada ficavam os banhos termais.
No local as escavações identificaram restos de um edifício do primeiro século a.C., demolido antes da construção da grande vila.
Todos os quartos eram delimitados por paredes com pinturas e estuques em relevo e pisos de mosaico com decorações geométricas e fichas pretas e brancas.
O andar principal superior, onde era a casa do proprietário, sofreu danos, enquanto o andar do meio e o térreo estão bem preservados.
Uma pequena sala com um painel com divisórias vermelhas e marrons, cercadas por duas colunas pintadas em marrom e verde pode ter sido um Lararium, um lugar sagrado para rituais privados dentro da casa dedicado aos guardiões da residência (Lares).
Terraços
No lado norte, um grande terraço panorâmico com vista para o lago e protegido por toldos estava ligado a outros terraços e pórticos ao longo do edifício.
Ainda é possível apreciar partes do telhado original em forma de abóboda e o piso de tijolos de terracota.
Os espaços abertos prevaleciam sobre os fechados e os afrescos pintados nas paredes e em relevo retratavam animais, paisagens, pequenos edifícios e cenas da vida no lago.
O terraço no lado oeste da vila era cercado por um pórtico apoiado por fundações que formavam um caminho subterrâneo (cryptoporticus), protegido do sol e do mau tempo.
O ambiente que tinha duas naves medindo 158×9 metros, foi dividido por um arco central suportado por 64 pilares.
Três nichos com fontes, objetos de mármore e esculturas decoravam o lado leste da vila luxuosa.
O jardim interno e a grande cisterna
A área residencial tinha vista para um grande pátio com jardim, um espaço retangular de cerca de 4 mil metros quadrados, cercado por um pórtico na parte central e descoberta da mansão, onde hoje se localiza o grande olival.
No local ainda podemos ver a cisterna que abastecia a vila.
Proprietários antigos da Grotte di Catullo em Sirmione
De acordo com o estudos que atribuíram a construção da vila à família de Verona Gens Valeria, Catulo também pertencia a ela, apesar de ter vivido antes da construção da residência.
Também acredita-se que no século II d.C. a vila pode ter pertencido a Gaius Herennius Caecilianus, um membro do Senado romano e patrono de Verona, que construiu o próprio monumento em Sirmione.
Museu Arqueológico de Sirmione
A inauguração do Museu Arqueológico de Sirmione ocorreu em 1999 dentro do sítio arqueológico Grotte di Catullo.
O acervo abriga objetos relacionados à história da cidade e do Lago de Garda.
Na exposição também podemos ver artefatos romanos, peças de sítios ao redor da península de Sirmione e dos períodos romano e medieval encontrados na cidade.
A principal atração são os afrescos em estilo pompeiano que decoravam o interior da vila.
Catullo em Sirmione
No museu há um fragmento de pintura encontrado nas escavações da vila com a representação de um escritor, porém não é possível afirmar se seria Catullo, pois não se tem conhecimento de nenhum retrato do poeta.
O afresco mostra um jovem personagem com um rolo nas mãos, vestido com a toga do final da era republicana, decorada com uma faixa púrpura da ordem dos cavaleiros.
A imagem seria de não muitos anos após a morte do poeta (em 54 a.C.), mas é uma hipótese de que seria uma referência direta ao personagem que viveu em Sirmione e cantou a beleza do lugar.
O vínculo do poeta com Sirmione está documentado em escritos em que ele lembra com alegria seu retorno à cidade e a sua casa, depois de viajar ao Oriente.
Serviço
Para chegar ao sítio arqueológico é preciso fazer uma caminhada de 1 km do castelo de Sirmione, o Castelo Scaligero.
Também dá para ir pelo trem turístico que sai da frente da entrada das Terme di Sirmione, as fontes termais da cidade.
Quem for a pé encontra uma caminhada leve.
O percurso passa pela casa onde Maria Callas morou e por um parque que leva o nome da musa da ópera.
O museu fica perto do local da escavação, na Piazzale Orti Manara.
Horários e valores
O horário de funcionamento da Grotte di Catullo e do museu em Sirmione varia de acordo com a época do ano.
De 1º de março a 31 de outubro funciona de terça a sábado, das 8h30 às 19h30.
Aos domingos e feriados, das 9h30 às 18h30 e fecha às segundas-feiras.
De 1º de novembro a 28 de fevereiro, o horário de terça a sábado é das 8h30 às 17h, a área arqueológica.
Já o museu funciona de 8h30 às 18h.
Aos domingo e feriados, funciona das 8h30 às 14h e também fecha às segundas-feiras.
O ingresso custa € 8.
Para jovens de 18 a 25 anos o valor é de € 2.
Menores de 18 anos e maiores de 65 anos não pagam.
Essa viagem foi realizada com a assessoria da Atlas Turismo.
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