Os tesouros da Basílica de San Marco em Veneza: relíquias, Pala D’oro, museu e terraço
Os tesouros da Basílica de San Marco em Veneza estão acessíveis para serem apreciados por todos os visitantes.
Ainda bem!
Além de se maravilhar com a suntuosidade e tantos detalhes da decoração da igreja, ainda há muito mais no acervo à disposição dos turistas.
São 283 objetos, em um conjunto de obras de ouro e prata, pedras preciosas montadas sobre peças esmaltadas da ourivesaria bizantina, antiguidades, vidros ornamentais, pinturas, itens refinados produzidos para as igrejas e edifícios de Constantinopla e peças valiosas criadas para São Marcos por artesãos venezianos.
Há ainda cálices, copas e patenas e outros objetos litúrgicos doados por Papas e príncipes da Europa ou pelos próprios Doges, os antigos governantes de Veneza.
A parte mais antiga do tesouro é formada a partir dos restos do saque realizado por venezianos em Constantinopla entre 1204 e 1261.
Tudo está distribuído na Basílica, porém as peças mais valiosas ficam em áreas restritas, com acesso pago.
Também é preciso pagar para entrar na igreja, além do ingresso para conhecer as obras principais.
Mas vale a pena.
Na nossa primeira viagem a Veneza, em 2020, fizemos um post sobre a Basílica e a praça de San Marco.
Naquela época não era permitido filmar nem fotografar dentro da igreja.
Nesse post mostramos os tesouros da Basílica de San Marco distribuídos na Pala D’Oro, relíquias do santo evangelista, no museu e no terraço da Catedral de Veneza.
E como já podemos registrar tudo lá dentro, prepare-se para contemplar toda a beleza da Basílica.
A impressionante Basílica de San Marco
Antes de conhecer o tesouro, contemple a maravilhosa Catedral de Veneza, por fora e por dentro.
A igreja de São Marcos é considerada a herança viva da cultura romana, bizantina e veneziana com estilos gótico, bizantino, românico, islâmico e renascentista.
Com o formato de cruz grega, em que o braço vertical da cruz é maior do que o dos transeptos, a Basílica tem 28 metros de largura a 21 metros de altura.
Na parte exterior se destacam as cúpulas de madeira cobertas com folhas de chumbo que foram sobrepostas no século XIII às cúpulas de tijolos originais.
A decoração da fachada traz elementos góticos como edículas, estátuas e decorações florais feitas entre os séculos XIV e XV por Pietro Lamberti e outros artistas toscanos.
Na fachada principal há quatro grandes portais do século XII e a janela da capela Zen.
Para cada um deles há uma luneta superior correspondente.
O portal principal é uma obra-prima da escultura do século XIII.
Algumas lajes bizantinas esculpidas estão na cobertura de mármore do século XIII: São Jorge e São Demétrio, a Anunciação e os Trabalhos de Hércules.
Com tantos detalhes, demoraram oito séculos até a decoração da igreja ser concluída.
A maioria dos materiais utilizados são despojos de guerra de Constantinopla e imitações ou criações medievais.
Talvez não haja outro edifício tão rico quanto o de São Marcos em esculturas de tipos, épocas e origens tão diferentes.
Enquanto em outras igrejas as obras foram criadas no local para o qual foram destinadas ou vieram de um edifício pré-existente, em São Marcos isto é verdade apenas para uma parte significativa das esculturas.
O resto foi coletado em outro lugar e colocado dentro ou fora da igreja, numa mistura de elementos ornamentais integrados com novos mosaicos e esculturas.
Altares e cúpulas
O altar-mor está na área das cinco cúpulas que, de acordo com o modelo oriental, são um símbolo da presença de Deus.
As cúpulas, aliás, são um capítulo à parte.
A da Ascensão fica no centro, dos Profetas sobre o presbitério, a de Pentecostes sobre a nave, a de São João sobre o braço norte e a de São Leonardo sobre os braços sul do transepto.
Elas consistem em meias esferas em alvenaria apoiadas em grandes abóbadas de suporte.
Os altares renascentistas de São Paulo e São Tiago estão nos transeptos norte e sul, nas laterais dos púlpitos.
Eles foram criados na segunda metade do século XV por Antonio Rizzo, de Verona.
Há um terceiro altar do mesmo período e do mesmo artista na capela de São Clemente.
Em 1617 houve a acomodação do altar de Nicopeia e do altar do Santíssimo Sacramento, à esquerda e à direita do altar-mor.
A Madonna Nicopeia é do início do século XII e estava originalmente localizada no mosteiro de São João, em Constantinopla.
Vários imperadores bizantinos carregavam a imagem para as batalhas e, de acordo com a lenda, foi São Lucas que pintou o ícone da Virgem Maria.
Colunas
Há mais de 500 colunas e capitéis (a parte superior da coluna) em São Marcos, com uma variedade de tipos, formas e raridade de materiais.
Além de alguns capitéis clássicos do século III, os mais numerosos são bizantinos, datados entre os séculos VI e XI.
Mosaicos
Fique de olho nos mais de 8 mil metros quadrados de mosaicos que cobrem as paredes, abóbadas e cúpulas da Basílica.
Os mosaicos com cores quentes, principalmente o ouro, representam histórias da Bíblia do Antigo e Novo Testamentos, figuras alegóricas, eventos na vida de Cristo, a Virgem Maria, São Marcos e outros santos.
Graças a predominância do dourado, San Marco também é chamada de Chiesa d’Oro (Igreja Dourada).
Como em muitas igrejas da Europa, o acesso é gratuito apenas no horário das missas.
Durante muito tempo, não era preciso comprar ingresso para entrar na Basílica, mas depois da pandemia isso mudou.
Tesouros da Basílica de San Marco: relíquias
Em San Marco, as relíquias fazem parte do acervo dos museus que funcionam dentro da Basílica.
O corpo do santo evangelista foi transportado de Alexandria, no Egito, para Veneza em 829.
Hoje os restos mortais de São Marcos repousam no altar-mor em o sarcófago de mármore, transferido do antigo local na cripta.
Quatro colunas do século XIII em alabastro oriental e com episódios históricos dos Evangelhos decoram o altar.
Há noventa cenas das vidas da Virgem e de Cristo, cada uma com um comentário inscrito.
Uma divisória de madeira em estilo bizantino adornada com ícones religiosos, a Iconóstase, separa a nave do santuário.
A tela apresenta pinturas intrincadas de santos, cenas bíblicas e símbolos, com um toque das tradições ortodoxas orientais.
Nas celebrações em homenagem a São Marcos, o sarcófago com suas relíquias sai das grades e fica coberto com rosas vermelhas.
A aventura para transportar o corpo de São Marcos
Buono da Malamocco e Rustico da Torcello foram dois mercadores venezianos que resolveram aproveitar a viagem de negócios à Alexandria para venerar as relíquias do São Marcos na igreja dedicada a ele na cidade.
Os zeladores do templo, o monge Staurazio e o padre Teodoro, denunciaram que a igreja teria sido objeto de profanação pelos muçulmanos, que saqueavam as igrejas cristãs para construir mesquitas.
Os dois comerciantes decidiram então roubar os restos mortais do santo.
Depois de substituir o corpo do evangelista pelo da vizinha mártir Santa Cláudia, os comerciantes esconderam as relíquias num navio, dentro de cestos de vime, protegidas por folhas de couve e carne de porco.
Ao passarem pela barreira alfandegária da cidade, os mercadores venezianos gritaram: “kanzir, kanzir” (que significa porco, carne desaprovada pela religião islâmica).
Os funcionários da alfândega taparam o nariz e deixaram os comerciantes passarem.
No momento da partida, um perfume intenso teria se espalhado do Santuário de São Marcos por toda a cidade.
A viagem até Veneza também foi cheia de aventuras, com a aparição do santo aos marinheiros sonolentos que consegue evitar até um naufrágio.
Em 31 de janeiro de 828, o corpo de San Marco chegou no porto de Olivolo.
O bispo local e o Doge Giustiniano Particiaco receberam os restos mortais do santo.
No início as relíquias ficaram no Palácio Ducale até a construção da nova igreja, que passaria a ser uma basílica sepulcral para o santo.
Em 832 houve a consagração da primeira igreja de São Marcos.
Depois de um incêndio, a atual igreja começou a ser reconstruída em 1063.
E assim San Marco, que já era padroeiro da Alexandria, passou a ser padroeiro de Veneza ao lado da Virgem Maria.
São Marcos, símbolo e Padroeiro de Veneza
A ligação de de São Marcos com Veneza é anterior à chegada de sua relíquia, pois esse mesmo santo teria evangelizado o povo veneziano.
Além de ser Padroeiro da cidade, o emblema de Veneza também representa o santo.
O leão alado, armado com uma espada e munido de um livro sobre onde, em tempo de paz, lê-se a frase Pax Tibi Marce Evangelista Meus (que a paz esteja convosco, Marco, meu evangelista).
Um livro que é fechado quando a espada, em vez de discriminar o bem do mal, fica manchada com sangue.
No dia 25 de abril , data do martírio e morte de São Marcos, comemora-se em Veneza o dia do padroeiro.
Tesouros da Basílica de San Marco: Pala D’oro
A peça mais valiosa da Basílica é a Pala d’Oro.
Criada no século X, a Pala é o retábulo dourado que decora o altar-mor, onde ficam as relíquias do santo evangelista.
Coberta de joias como pérolas, rubis, safiras e ametistas, a encomenda da peça original foi em Bizâncio, em 976, e a Pala foi recebendo mais enfeites ao longo dos séculos.
A História conta que Napoleão teria roubado algumas das pedras preciosas da Pala em 1797.
O painel contém 250 pinturas esmaltadas sobre folhas de ouro com uma moldura gótica de prata.
A parte voltada para o altar- mor Cristo apresenta o Cristo Pantocrator no centro e evangelistas, profetas, apóstolos e anjos nas laterais.
Na face de trás, o lado esquerdo mostra a história de Cristo e o direito, de São Marcos.
A moldura gótica de prata dourada foi feita em Veneza em meados do século XIV.
A parte mais bonita e rica em detalhes fica voltada para os fundos do altar e só dá para vê-la no percurso com acesso pago.
É possível chegar pertinho e admirar cada minúcia da peça o tempo que quiser.
A Pala d’Oro é o único exemplo do mundo de ourivesaria gótica de grande escala que permaneceu intacto.
Tesouros da Basílica de San Marco: museu
A fundação do Museu de São Marcos foi no final do século XIX.
O espaço abriga objetos de vários tipos e origens que pertencem à igreja.
O museu também contém maquetes, tapetes persas, vestimentas litúrgicas, manuscritos com os textos das liturgias de São Marcos e fragmentos de mosaicos antigos removidos durante a restauração no século XIX.
Há ainda tapeçarias em lã com episódios da Paixão de Cristo e prataria ilustrando histórias de São Marcos.
Também podemos ver de perto as peças mais importantes do museu (pelo menos na nossa opinião): a quadriga ou os cavalos de bronze originais trazidos de Constantinopla em 1204, cujas réplicas estão na fachada.
Eles vieram para Veneza após a conquista de Constantinopla na quarta cruzada, junto com o ícone da Madonna Nicopeia, esmaltes da Pala d’Oro, relíquias, cruzes, cálices e patenas.
A datação da quadriga é incerta.
Alguns estudiosos sugerem o período entre a segunda metade do segundo século e o início do terceiro século d.C., no período imperial romano.
A análise com carbono 14 data do início do segundo século a.C.
O acesso ao museu é pela escadaria Foresti.
Do balcão entre os salões do museu, é possível apreciar os mosaicos mais de perto.
O percurso continua na Loggia dei Cavalli, no terraço.
Terraço: Loggia dei cavalli
Se visitar a Basílica de San Marco é uma experiência de encantamento do começo ao fim, o que dizer de chegar ao terraço da igreja e ter a vista da bela Piazza San Marco e seus edifícios singulares?
Primeiro que todas as fachadas da Catedral de Veneza são um arrebatamento em detalhes e esculturas, desde a principal e até as laterais.
Segundo que a gente acessa o terraço pela réplica da quadriga de bronze, os suntuosos cavalos de Constantinopla.
Depois o percurso leva a parte lateral do terraço, onde a vista é do Palazzo Ducale e do Grand Canal.
E terceiro que temos um ponto de vista diferente de toda e estrutura do “salão mais bonito da Europa”, segundo Napoleão Bonaparte.
Além da própria Basílica de San Marco, outros prédios formam a bela praça San Marco como o Moseo Correr, a Torre dell’Orologio e o Campanário de São Marcos.
Torre dell’Orologio
A Torre dei Mori mais conhecida como a Torre dell’Orologio, ou torre do relógio, é um edifício Renascentista com um relógio astrológico.
Ambos datam da última década do século XV.
No topo da torre, duas grandes figuras de bronze, chamadas de “os mouros”, tocam as horas em um sino.
Abaixo está o Leão alado de São Marcos.
Ele está diante de um fundo azul com estrelas douradas.
Embaixo há uma galeria semicircular com estátuas em cobre dourado da Virgem Maria e do Menino Jesus.
O grande relógio azul e dourado, dentro de um círculo fixo de mármore, marca 24 horas em algarismos romanos e as fases da lua.
Dentro do círculo estão os signos do zodíaco em ouro, originais da década de 1490.
Campanário
O campanário de São Marcos tem cerca de 99 metros de altura, coroado com uma estátua do Arcanjo Gabriel.
A primeira construção ocorreu no século XII e a reconstrução na sua forma atual no início do século XVI.
Dos cinco sinos originais, apenas o maior permanece.
Na base do campanário está a varanda construída por Jacopo Sansovino entre 1537 e 1549, decorada com mármore e bronze.
Galileu usou o campanário como um observatório e foi lá que, em 1609, ele demonstrou seu telescópio aos Lordes.
Construções marcadas por beleza e história que a gente vê mais de perto do terraço da Basílica de San Marco.
Serviço
A Basílica de São Marcos abre todos os dias, mas atenção, não é possível entrar com bolsas grandes e mochilas.
Porém a igreja oferece um guarda-volumes gratuito num prédio ao lado, em frente ao Portão das Flores (na fachada norte), o Ateneo San Basso, na Piazzetta dei Leoncini.
É possível alugar um audioguia no balcão D’Uva, logo após cruzar a catraca de entrada.
Horários e valores**:
De 29 de outubro a 15 de abril, a Basílica funciona das 9h30 às 17h (última entrada às 16h45).
Aos domingo e feriados, o horário é das 14h às 16h30, com última entrada às 16h15.
O ingresso custa € 3.
O Museu de São Marcos funciona das 9h45 às 16h45.
O ingresso custa € 7 e dá acesso ao terraço.
Crianças a partir de 6 anos e jovens até 18 anos pagam € 2,50.
O horário da Pala d’oro é das 9h45 às 16h45 e nos domingos e feriados, das 14h às 16h30.
O valor do ingresso é de € 5.
Crianças a partir de 6 anos e jovens até 18 anos pagam € 1.
O Tesouro da Basílica de San Marco funciona das 9h45 às 16h45 e aos domingos e feriados, das 14h às 16h30.
O ingresso custa € 3.
Crianças a partir de 6 anos e jovens até 18 anos pagam € 1,50.
De 16 de abril a 28 de outubro, a Basílica funciona das 9h30 às 17h e aos domingos e feriados, das 14h às 17h.
O Museu de São Marcos e a Loggia dei cavalli abrem das 9h35 às 17h.
A Pala d’oro funciona das 9h35 às 17h e aos domingos e feriados, das 14h às 17h.
O Tesouro abre das 9h35 às 17h. Nos domingos e feriados, funciona das 14h às 17h.
**Os valores são os mesmos
(preços atualizados em setembro de 2024).
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