Última Ceia de Leonardo da Vinci, visita guiada
A Última Ceia de Leonardo da Vinci é uma das obras mais famosas e importantes do artista.
A pintura mural fica em Milão, na Itália, no antigo refeitório de um convento de frades dominicanos.
O Museu da Última Ceia de Leonardo da Vinci ou Museo del Cenacolo Vinciano faz parte do complexo de Santa Maria delle Grazie, que inclui a igreja de mesmo nome e o convento, declarado patrimônio mundial pela Unesco, em 1980.
Milagrosamente a representação da Santa Ceia sobreviveu à bombas lançadas por aviões americanos e britânicos durante a Segunda Guerra Mundial, o que torna a visita ainda mais especial.
Para conhecer essa obra-prima, é necessário reservar um ingresso no site oficial com antecedência ou tentar vaga nos grupos guiados através de agências.
Nós até tentamos pelo site, mas sem sucesso.
Ainda bem que conseguimos nos encaixar em um tour com guia, pois não poderíamos perder a oportunidade de ver a pintura de Leonardo de perto.
Neste post contamos como funciona a visita guiada em inglês ao complexo de Santa Maria delle Grazie.
Breve histórico
A edificação da Igreja de Santa Maria delle Grazie e do convento dos frades dominicanos ocorreu entre 1465 e 1482.
A partir de 1490, o então novo regente de Milão, Ludovico Sforza, conhecido como o Mouro, renovou a arquitetura e decoração do complexo.
Para executar o projeto, o governante convidou os artistas mais inovadores em atividade na região.
Dois deles vieram de Florença e estão entre os mais importantes artistas do Renascimento italiano.
Donato Bramante foi um dos convidados e recebeu a encomenda de criar a nova tribuna da igreja.
E Leonardo da Vinci recebeu a missão de pintar a Última Ceia no refeitório do convento.
Ele já tinha chegado à Milão em 1482, quando se apresentou ao duque com uma longa carta destacando suas habilidades como pintor, músico, engenheiro militar e arquiteto.
Além da Última Ceia, Leonardo realizou vários trabalhos em Milão até 1499, como espetáculos, cenografias e obras de engenharia.
Mas foi na Última Ceia que o artista experimentou seus estudos de luz e emoções humanas por meio de posturas, gestos e expressões, o que chamou de “movimentos da alma”.
Para a obra do refeitório, Leonardo se baseou na tradição toscana, que desde o século XIV chama a sala de refeições de Cenacolo.
No início do século XVI, o termo também passou a ser usado em italiano para designar as pinturas da Última Ceia.
Daí o nome Cenacolo Vinciano, o Cenacolo de Leonardo da Vinci.
A visita à Última Ceia de Leonardo da Vinci
Chegamos cedo ao ponto de encontro, uma vez que o horário da nossa visita era às 8h45.
Todos os integrantes do grupo recebem um fone para acompanhar as informações repassadas pela guia.
Depois todos devem apresentar os passaportes na bilheteria para receber os ingressos reservados.
Cada grupo entra no prédio do convento no horário marcado e passa por várias salas até chegar ao refeitório, o coração do museu.
Lá dentro não é permitido filmar nem usar flash nas fotos.
No primeiro corredor da rota que leva ao refeitório, permanecem grandes fragmentos de afrescos datados de meados do século XVII.
Eles retratam uma cena de martírio que pode ser de 49 dominicanos mortos em Sandomierz, na Polônia.
Também há painéis com fotos históricas do complexo de Santa Maria delle Grazie.
A segunda seção tem vista para o Claustro dos Mortos, que antes continha os túmulos dos frades.
Portas automáticas que fecham e abrem de forma alternada dividem todo o caminho.
O objetivo é realizar uma primeira filtragem natural do ar que entra de fora, rico em poluentes, que podem danificar a pintura.
Para garantir a preservação da obra, só 35 pessoas podem entrar no espaço a cada 15 minutos.
Sim, o visitante tem apenas 15 minutos para contemplar a Última Ceia de Leonardo da Vinci e a Crucificação de Donato Montorfano.
É pouco? Demais!
É emocionante? Pode ter certeza.
Vale a pena?
Isso é muito pessoal, mas considerando o valor inestimável da obra, ir à Milão e ter a oportunidade de ver de perto tamanha genialidade de da Vinci, valeu cada centavo para nós.
O preço da visita inclui o tour guiado de 1h30 pelo complexo, que termina na igreja de Santa Maria delle Grazie, com muitas informações históricas e curiosidades do começo ao fim.
Enfim, a Última Ceia de Leonardo da Vinci
A Última Ceia tem 460 × 880 cm e ocupa toda a parede norte do refeitório do mosteiro dominicano, onde os frades se reuniam para comer, rezar e meditar durante as refeições.
Os primeiros esboços da composição de Leonardo datam de 1490, mas ele só executou a pintura do mural entre aproximadamente 1494 e 1498.
O artista optou por não fazer um afresco e desenvolveu uma técnica de pintura em gesso seco (chamada de “a secco”).
Leonardo aplicou os pigmentos em uma camada preparatória branca, que serviu para nivelar e alisar a parede, em vez de pintar diretamente no gesso úmido.
Ele pintou na parede como faria em um painel de madeira, usando uma mistura gordurosa de pigmentos com gema de ovo.
Isso permitiu que ele criasse tons intensos e efeitos refinados de luz.
Porém, as cores não foram absorvidas pelo gesso e ficaram sobrepostas na parede, o que tornou a pintura mais vulnerável e frágil do que um afresco.
O resultado é que a obra perdeu o pigmento logo nos anos seguintes após a conclusão da pintura, com o agravo da influência negativa das condições ambientais.
Restauro
As inúmeras tentativas de restauração ao longo dos séculos desfiguraram a aparência da obra e prejudicaram ainda mais seu estado de preservação.
Como se não bastasse tudo isso, na noite de 15 de agosto de 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, bombas lançadas por aviões americanos e britânicos atingiram a igreja e o convento.
O refeitório foi quase todo destruído, mas as paredes da Última Ceia e da Crucificação não foram atingidas.
Alguns vão dizer que foram os sacos de areia colocados antes do bombardeamento que protegeram as pinturas, mas para mim foi a proteção divina que atuou permitindo que tantas gerações pudessem apreciar essas obras-primas.
Por fim, desde a última restauração, que durou cerca de 20 anos e terminou em 1999, há um controle da qualidade do ar no refeitório, os fatores ambientais são monitorados de forma contínua e apenas pequenos grupos de visitantes são permitidos no interior da sala.
A obra
A Última Ceia representa o momento descrito no Evangelho em que Jesus anuncia: “um de vós me trairá”, causando surpresa e consternação nos doze apóstolos ao seu redor.
O artista caracteriza as diferentes reações através de gestos, expressões e posturas e usa a perspectiva para apresentar a cena como um prolongamento do espaço real, para que o espectador se sinta participante do momento sagrado.
A luz também carrega significados simbólicos.
Judas, o único apóstolo que está de costas para quem observa, está na penumbra.
A cabeça de Jesus está enquadrada pela janela central circundada pelo céu, para substituir a auréola convencional.
Cada apóstolo apresenta uma diferente reação, que mesmo pouco nítida, nos faz sentir o que cada um vivenciou naquele momento de revelação, segundo a interpretação de Leonardo.
A Crucificação
Sobra pouco tempo para apreciar a bela obra que fica em frente à Última Ceia.
Na parede sul do refeitório está o monumental afresco de Giovanni Donato Montorfano representando a Crucificação, uma obra de 1495.
O artista datou e assinou a pintura em um bloco de pedra quadrado colocado no pé da cruz.
O afresco é a única obra assinada pelo artista e é um exemplo da mais avançada cultura pictórica lombarda.
A obra
A Crucificação também sobreviveu aos bombardeios de agosto de 1943 e ainda está bem preservada, com cores vibrantes.
A cena ocupa toda a parede e está dentro de uma moldura arquitetônica simples.
A pintura representa uma visão do Calvário, onde três grandes cruzes dividem o espaço em três partes.
Os personagens da composição estão em dois grupos populosos e simétricos, com muitos detalhes, num cenário de penhascos.
Ao fundo, aparece uma cidade que seria Jerusalém.
Esse tipo de composição com numerosas figuras agrupadas está ligada à tradição iconográfica do Norte de Itália.
Há registros em documentos de que Leonardo também contribuiu com a pintura, enquanto trabalhava na Última Ceia.
Ele retratou nos extremos inferiores o duque Ludovico com seu filho mais velho, Massimiliano, e a Duquesa Beatriz com seu outro filho, Francesco.
Os dois filhos também se tornaram duques de Milão.
Santa Maria delle Grazie
Entre 1478 e 1482, Donato Bramante e Leonardo da Vinci se mudaram de Florença para Milão.
Eles foram convidados junto com outros artistas, intelectuais e músicos por Ludovico Sforza, o então regente da região, para realizar obras na cidade.
Ludovico confiou a Donato Bramante a reestruturação da tribuna da igreja.
Sforza desejou fazer de Santa Maria delle Grazie (Santa Maria das Graças) um lugar para celebrar seu poder e ser o mausoléu da sua família.
Mas só quem está sepultada na igreja é a esposa de Ludovico, Beatriz, que morreu em 1497.
A igreja
Enquanto o convento ficou pronto em 1469, a obra da igreja só terminou em 1482.
Ludovico reconstruiu o claustro e a abadia, concluídos após 1490.
A igreja está dividida em uma nave e dois corredores, com abóbadas ogivais e telhado inclinado.
A primeira parte de Santa Maria delle Grazie tem estilo gótico, mas também tem influência românica.
A construção utilizou materiais locais, como cerâmica para a alvenaria e granito para os capitéis, a parte superior das colunas.
Dentro da igreja, há sete capelas ao longo de cada um dos corredores laterais.
Elas eram usadas pelas famílias mais importantes de Milão como um local de sepultamento e oração privada e foram decoradas por artistas importantes.
Gaudenzio Ferrari decorou com afrescos as Capelas da Virgem Adoradora e da Santa Coroa.
A “Coroação de Espinhos”, pintada por volta de 1542 por Tiziano Vecellio, ficava nesta segunda capela.
Porém no início do século XIX, Napoleão levou o retábulo para a França, que agora está exposto no Museu do Louvre.
A obra Nossa Senhora das Graças, a Virgem Maria, decora a Cappella della Vergine delle Grazie (Capela da Virgem das Graças).
As colunas também estão decoradas com figuras.
Uma delas representa um religioso martirizado por professar a fé católica.
Claustros
O convento ao lado da igreja tinha três claustros.
O primeiro foi demolido em 1897.
O segundo, é conhecido como Grande Claustro.
O terceiro era o Claustro dos Mortos e ficava perto da antiga Capela da Virgem das Graças (atual Capela do Rosário), mas foi destruído durante ataques aéreos em 1943 e reconstruído depois da guerra.
É possível visitar a igreja e a área do claustro de forma gratuita.
Serviço
A Última Ceia de Leonardo da Vinci fica no Museo del Cenacolo Vinciano, na Piazza Santa Maria delle Grazie, 2.
O museu funciona de terça a domingo, das 8h15 às 19h, com última admissão às 18h45.
É preciso comparecer na bilheteira cerca de 30 minutos antes da visita para não perder o direito de entrada.
Não é possível entrar com malas ou bagagens volumosas, mas há armários para as bolsas.
Para reservas online, o site é cenacolovinciano.vivaticket.it
A cada três meses o site abre as reservas.
Valores
Se conseguir comprar com antecedência, o ingresso custa € 15.
Para jovens de 18 a 25 anos, o valor é € 2
O acesso é gratuito até menos de 18 anos.
A Atlas Turismo foi quem nos salvou (mais uma vez, rs) e conseguiu vagas no tour guiado.
O valor da visita para nós quatro saiu por R$ 1.398 (fevereiro de 2024), com uma pequena redução no ingresso do nosso filho caçula.
Conseguimos parcelar esse valor em 6 vezes.
Essa viagem foi realizada com a assessoria da Atlas Turismo.
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