O universo dos quadrinhos no MIS, em São Paulo

A exposição vai até o dia 31 de março de 2019 no Museu da Imagem e do Som

Quando resolvemos visitar a mostra Quadrinhos, não imaginávamos encontrar uma megaexposição distribuída em três pavimentos.

Imagine então a nossa surpresa já ao chegar no prédio do Museu da Imagem e do Som e dar de cara com um imenso mural com vários personagens que marcaram época nos mais variados estilos.

A animação tomou conta de todos.

Foram 18 meses de pesquisa para reunir 600 itens distribuídos em 16 áreas de exposição. Alguns desses itens fazem parte de coleções particulares e nunca foram expostos.

Fizemos muitas fotos e dois vídeos de todos os espaços dessa super-mostra.

Nesse post vamos contar o que vimos na exposição que faz uma profunda retrospectiva do universo das HQs através de revistas, artes originais e itens raros de diversos gêneros, desde a origem até a sua reinvenção em meados do século 19, com a popularização da imprensa e dos jornais.

Mas já vamos logo avisando, se você estiver em São Paulo até 31 de Março, não deixe de conferir.

Origens

No térreo, voltamos ao tempo da caverna pra conhecer as origens dos quadrinhos, afinal, como já diz o texto da curadoria da mostra, “antes das palavras, havia a imagem”.

Nesse trecho, arquivos mostram que os nossos ancestrais desenhavam o que viam em sequências de imagens.

Ali, com os primeiros registros da humanidade, nasciam as histórias em quadrinhos, também chamada de arte sequencial.

Caricaturas e charges

Ao lado da  área origens, aprendemos mais sobre as caricaturas e charges.

Tiras

Subindo as escadas em direção ao segundo andar (sim, a gente sobe suavemente até o último pavimento para depois voltar ao primeiro andar), somos convidados a interagir nesse espaço dedicado às tirinhas.

Para ler as tiras, temos que girar uma espécie de catavento. As histórias estão organizadas em cada paleta.

Europa

Essa é a maior área do segundo pavimento e reúne itens de gêneros variados como aventura e infantil.

Entre as raridades da mostra está uma ilustração original de Tintim, de As Aventuras de Tintim, do belga Hergé.

A partir daqui, vemos algumas maquetes que simulam salas de exposição com algumas ilustrações em miniatura.

Na área da Europa também estão expostas charges do jornal satírico francês Charlie Hebdo.

Os personagens mais sombrios também foram lembrados.

Mangá

Passando uma cortina de revistinhas, entramos num espaço dedicado ao universo dos mangás e animes.

Essas histórias criadas e desenhadas com o estilo bem característico dos japoneses, foram parar também na televisão e no cinema, como em Astro Boy.

Personagens de Dragon Ball, Cavaleiros do Zodíaco e o próprio Astro Boy viraram miniaturas que podem ser manuseadas por visitantes cegos ou com baixa visão.

Os visitantes podem ainda conferir trechos de filmes do estilo. Já o sucesso Akira ganhou destaque no espaço.

Mas o que chama mais atenção nessa área é uma réplica da moto do personagem Kaneda, de Akira.

Todo mundo quer se sentir pilotando a veloz moto vermelha, inclusive a gente, rs.

Erótico

Nessa área só maiores de 18 anos podem entrar, já que reúne revistas e quadrinhos para adultos.

Entre os trabalhos, está uma arte original da personagem de quadrinhos eróticos Valentina, desenhada pelo seu criador, o italiano Guido Crepax.

Personagens nacionais, como Rê Bordosa, do cartunista Angeli, também fazem parte do acervo.

Mauricio de Sousa

Ah, essa área! Como não amar as historinhas e os personagens de Mauricio de Sousa?!

No espaço dedicado à Turma da Mônica, alguns registros históricos, como a primeira aparição do Bidu numa tirinha.

Toda a evolução dos personagens, desde os primeiros rabiscos até a versão da Turma da Mônica Jovem, está exposta de forma dinâmica e colorida.

Vídeos da Mônica Toy prendem a atenção de adultos e crianças na sala que reproduz a mesa dos desenhistas.

Confira o a primeira parte da exposição nesse vídeo que também está disponível no nosso canal no Youtube.

Angelo Agostini

Em direção ao primeiro andar, passamos pelo acervo reunido do desenhista ítalo-brasileiro Angelo Agostini. Ele é conhecido pela intensa atividade em favor da abolição da escravatura no Brasil.

Agostini também colaborou com As Aventuras de Nhô Quim ou Impressões de Uma Viagem à Corte, considerada a primeira história em quadrinhos brasileira e uma das mais antigas do mundo.

Entre os destaques desse trecho está uma edição do jornal O Mosquito (1873), com capa de Agostini.

Ziraldo

Chegamos ao espaço que referencia o trabalho de Ziraldo. O criador do Menino Maluquinho e de tantos outros personagens é homenageado com a reprodução de uma bancada de desenho e até a exposição de uma de suas marcas registradas, os coletes coloridos.

Entre os itens expostos está um desenho a mão feito pelo próprio Ziraldo com personagens de A Turma do Pererê.

Podemos conferir ainda vídeos e áudios com entrevistas de Ziraldo, além de filmes do Menino Maluquinho.

Brasil

O espaço Brasil faz um resgate das primeiras produções do país, como almanaques e suplementos, destacando inclusive os heróis nacionais da ficção, a exemplo de O Vigilante Rodoviário.

Brasil nas últimas décadas

Entrando na produção mais recente do país, conhecemos um espaço bem amplo com projeções, vídeos, revistas e objetos expostos em barracas, que lembram as que ficam nas ruas.

Nesse ambiente vemos um caderno de esboços com desenhos originais do cartunista Glauco com artes originais para a revista Geraldão, edição número 1.

As projeções exibem ainda tirinhas de personagens como Os Skrotinhos, de Angeli. O cartunista Laerte também está presente nessa parte da mostra.

América Latina

Na área reservada para a América Latina, um grande painel nos convida a montar a imagem da Mafalda e a ver animações da personagem, criada pelo cartunista argentino Quino.

América do Norte

A América do Norte ganhou um espaço generoso no 1° andar, que também contempla a Disney, DC e Marvel.

Quem não lembra de personagens como o Recruta Zero e o Marinheiro Popeye, criado em 1929?

A mostra traz ainda um desenho do personagem Garfield, feito por Jim Davis exclusivamente para a exposição e um vídeo com o criador do gato que adora uma lasanha, fazendo o desenho.

Nessa área tem até algumas produções sobre o jornalismo em quadrinhos e uma ilustração original de The Spirit, personagem mais conhecido de Will Eisner.

Disney

Os personagens clássicos de Walt Disney compõem o espaço que lembra uma grande caixa.

A estrutura de madeira esconde pequenos compartimentos com surpresas da turma do Mickey Mouse.

Dentro da caixa, encontramos com o criador desse mundo mágico e uma de suas famosas frases: “eu gosto do impossível porque lá a concorrência é menor”.

Entre figuras e personagens, a edição número 1 de O Pato Donald (1950). Também podemos assistir o primeiro filme em que o Mickey aparece, o Steamboat Willie, de 1928.

DC 

Ao entrar no espaço da DC, na verdade a gente entra na Batcaverna. Tudo lembra o esconderijo do Homem Morcego, desde o seu painel de controle, com informações sobre outros heróis, até o Batfone.

A bengala do Pinguim, o traje do Robin e uma escultura do Aquaman em tamanho real compõem esse espaço.

A Mulher Maravilha está nos arquivos do Batman e também ganhou uma linda aquarela sobre papel que eu adoraria ter na minha coleção, rs.

O trabalho é de Alex Ross e tem o título Wonder Woman: Spirit of truth (2001).

Com recadinhos bem-humorados, o espaço DC traz ainda uma moeda gigante. Seria uma referência ao vilão Duas Caras?

Marvel

Já na área da Marvel é possível conferir um exemplar da revista Giant-Size X-Men 1 (1975).

A ambientação lembra a Nova York dos desenhos do Homem Aranha, que deixou até um vilão preso em sua teia com um bilhete: “cortesia do amigo da vizinhança. Homem-Aranha”.

Para os visitantes com baixa visão, uma miniatura do Hulk traz todos os detalhes do herói verde.

A mostra termina com mais um exemplo da criatividade na montagem dessa retrospectiva da 9ª arte.

Um balão montado com dezenas de lápis brancos e pretos traz o nome da exposição. Muito legal!

Outras mostras

As exposições no térreo do museu são gratuitas. Quando fomos na primeira quinzena de Janeiro, duas estavam em cartaz.

Visitamos a mostra Do silêncio à memória que trazia processos narrativos e reflexões sobre questões raciais, de classe, de sexualidade e de gênero, por exemplo.

A exposição era composta por videoinstalações, fotografias, quadros e outras peças de sete artistas e coletivos.

A outra mostra que visitamos foi Tipos – Nova Fotografia, uma releitura do fotógrafo e jornalista Fernando Banzi de 12 retratos do também fotógrafo Alberto Henschel.

As fotopinturas digitais de Banzi ressignificam retratos datados do fim dos anos 1860 de negros e negras, escravos e alforriados, em um período anterior à lei Áurea, em Recife e Salvador.

No segundo vídeo da nossa visita ao MIS, mostramos mais de Quadrinhos e das outras duas mostras que estavam em cartaz no museu.

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Serviço:

O Museu da Imagem e do Som fica na av. Europa, 158, Jd. Europa e funciona de terças a sábados, das 10h às 20h (com permanência até as 22h) e domingos e feriados, das 9h às 18h (com permanência até as 20h).

Os ingressos custam R$ 14 (inteira) e R$ 7 (meia) na recepção do MIS (somente para o dia  da visita). Às terças-feiras a entrada gratuita e menores de 5 anos não pagam.

É possível também comprar o ingresso online aqui.

A visita do Família que Viaja Junto à exposição Quadrinhos foi uma cortesia do MIS.

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