O Museu Real de Turim, na Itália
O Museu Real de Turim é na verdade um conjunto de museus que preserva uma das maiores coleções da Itália, com obras desde a Antiguidade até o século XX.
O acervo inclui mais de 8 mil bens, com pinturas e desenhos, 200 mil volumes de escritos, 50 mil artefatos arqueológicos e tesouros de todos os tipos como móveis embutidos, moedas e medalhas, porcelanas, armas e armaduras, tapeçarias, prata e cristais.
As coleções do século XVII ao XX estão expostas no Palácio Real, que pertenceu à Casa de Savoia (Saboia ou Savoy) e foi a primeira e a mais importante das residências construídas pela família no Piemonte, além de ter sido o primeiro palácio real da Itália.
A família Savoia é uma das mais antigas casas nobres europeias e que por volta do século XVI, deixou seus interesses nas regiões dos Alpes e se concentrou na península Itálica, transferindo seu ducado para a cidade de Turim.
No século XIX, a família liderou o movimento pela unificação italiana, que levou à proclamação do Reino da Itália.
Entre 1861 e 1864, Turim se tornou a capital do Reino da Itália sob a liderança dos Savoia.
O acervo criado para decorar o palácio e outras residências dos Savoia é famoso em toda a Europa e reflete a evolução do gosto da família ao longo dos séculos.
O museu é formado ainda pela Galeria Sabauda e a Capela do Sudário, cuja majestosa cúpula se destaca no alto da Catedral de Turim.
Nesse post mostramos por que vale reservar pelo menos um turno de seu roteiro em Turim para visitar esse importante museu do Piemonte.
Palácio Real
A visita aos Museus Reais começa no Palácio Real com os apartamentos representativos.
São várias salas ricamente decoradas com prata, cristal, porcelana, relógios, mobiliário, armas e armaduras antigas.
Cada elemento testemunha a evolução das preferências e da moda ao longo dos séculos.
Considerando que as residências Savoia foram projetadas com uma visão integrada de arquitetura e mobiliário, os objetos decorativos foram criados especificamente para embelezar os quartos habitados pela família, com obras do marceneiro Pietro Piffetti e trabalhos do século XIX de Pelagio Palagi.
A primeira sala do andar principal do Palácio Real é o Salão da Guarda Suíça, que leva o nome de corpo militar que o guarneceu.
Com quase 13 metros de altura, o amplo salão sediou diferentes eventos, como cerimônias e celebrações.
Uma grande tela que se destaca na parede oeste é trabalho do veneziano Jacopo Negretti.
A obra de 1582 representa a Batalha de San Quintino, combatida em 1557 pelo duque Emanuele Filiberto, retratado a cavalo.
Salas reais
Na Sala do Trono, o teto do período barroco está preservado, com uma preciosa talha coberta com folhas de ouro que emoldura a tela representando o Triunfo da Paz.
O trono elevado e emoldurado por um suntuoso dossel é rodeado por uma balaustrada entalhada, esculpida e em madeira dourada de 1789.
A obra é adornada com querubins, vasos, tochas e pombas.
Outro objeto de malaquita chama atenção na sala.
A Coppa (copo/xícara) é uma linda peça verde de 143 cm de altura e 90 cm de diâmetro (1841- 1860) e foi um presente do Czar da Rússia.
O Salão do Conselho era o ambiente para a reunião do Conselho dos Ministros a partir das primeiras décadas do século XIX, com mobiliário de estilo eclético desenhado por Pelagio Palagi.
Uma reprodução do Estatuto está exposta sobre a mesa Albertino, a famosa constituição assinada pelo soberano nesta sala em 4 de março de 1848 permaneceu em vigor até 1946.
Após a queda da Monarquia e o nascimento da República italiana, a atual constituição foi lançada pelo Estado Italiano.
Graças a este fato histórico, o espaço também é conhecido como Sala dello Statuto.
Luxo ao longo dos séculos
O Gabinete Chinês mantém o mesmo layout do século XVIII.
A carpintaria de estilo requintado em rococó reveste as paredes e emoldura algumas lacas orientais adquiridas no mercado romano em 1732.
Na Sala de Jantar uma mesa grande está posta com serviço requintado de porcelana pertencente ao acervo do museu e decorada ao centro com castiçais de estilo neobarroco em bronze dourado.
Os assentos do século XVIII vem do Palácio Real de Gênova.
No coração do prédio de estilo barroco fica o Salão de Baile em estilo neoclássico, um projeto da década de 1840 de Pelagio Palagi.
Nas paredes existem 22 colunas em mármore branco de Carrara que sustentam o teto com douramento e talha.
No centro da abóbada, uma tela de próprio Palagi retrata “A Dança das Horas”.
O palco para a orquestra tem colunas de ferro fundido e elegantes lustres de cristal.
A inauguração da coleção do arsenal real foi em 1837 na Galeria da Rainha, decorada entre 1738 e 1742 pelo pintor da corte Claudio Francesco Beaumont.
O museu reúne obras dos arsenais de Turim e Gênova, de coleções de antiguidades e adquiridas no mercado especializado.
São mais de cinco mil peças que vão desde a pré-história até o início do século XX.
O acervo inclui a Medalha Real, com mais de 60 mil exemplares de moedas, medalhas e selos antigos e modernos.
Em 1842 o museu expandiu-se para a rotunda desenhada por Pelagio Palagi.
Nessa área estão as coleções mais recentes, como a de armas orientais.
Museu Real de Turim: Capela do Sudário
A capela foi construída para abrigar o Santo Sudário, um pano de linho que teria envolvido Jesus após a crucificação e onde sua imagem ficou impressa.
No centro da Capela, uma grande estrutura de madeira dava destaque à relíquia, propriedade dos Savoia desde 1453.
Acima, uma impressionante cúpula deixa o ambiente ainda mais grandioso.
O projeto é do arquiteto, matemático e um dos maiores protagonistas do barroco europeu, Guarino Guarini.
Embora as obras da capela tenham começado em 1607, só em 1666 Guarini começou a trabalhar na cúpula, concebida como uma torre relicário.
Ele inseriu um novo volume composto por três grandes arcos inclinados para o interior sobre o corpo cilíndrico pré-existente.
Seis janelas altas alternadas com pilares com nichos iluminam a estrutura.
A cúpula tem ainda seis níveis de arcos sobrepostos e escalonados que convergem na estrela sol do ápice, onde a pomba do Espírito Santo se destaca.
A construção terminou em 1683 e em 1694 o imponente altar central projetado por Antonio Bertola recebeu o Santo Sudário.
A relíquia permaneceu na capela até 1993, quando foi para a Catedral de Turim.
Após um incêndio na igreja, a relíquia hoje está protegida numa caixa especial no final da nave esquerda da Catedral de Turim, com visitação é gratuita.
Mas só dá para conhecer a Capela que abrigou o Sudário na visita ao museu.
Galeria Sabauda
A Galeria Sabauda foi fundada em 1832 pelo Rei Carlo Alberto da Sardenha, inicialmente com o nome de Real Galeria de Arte.
O espaço funcionou no Palazzo Madama (ao lado do Palácio Real) até 1865, quando o acervo foi para o Palazzo dei Nobili e em 2014 para o Museu Real.
São cerca de 800 obras de mestres renascentistas italianos e artistas europeus do século XIV ao século XX, como Sandro Botticelli, Paolo Veronese e Guercino.
A galeria de arte também reúne um núcleo de pinturas flamengas e holandesas das coleções do Príncipe Eugênio de Savoia-Soissons.
No térreo da galeria está a seção dedicada aos mestres piemonteses do Renascimento.
O primeiro andar expõe coleções italianas e estrangeiras do século XV ao início do século XVII, com obras como a Madona com o Menino, de Beato Angelico, a Madona com o Menino e os Santos, de Mantegna, a Ceia na casa de Simone, de Veronese, e a Anunciação de São João Batista, de Gentileschi e Guido Reni.
No segundo andar estão obras do século XVII ao século XIX, incluindo as famosas vistas de Turim pintadas por Bernardo Bellotto, a coleção Gualino, com pinturas como uma Madona com o Menino de Duccio e outra Vênus de Sandro Botticelli menos conhecida, essa pintada por volta de 1485-1499.
Museu de Antiguidades
São quatro seções arqueológicas no museu que remontam às campanhas de compra promovidas por Emanuele Filiberto e seu filho Carlo Emanuele I entre os séculos XVI e XVII.
A iniciativa reuniu um prestigiado núcleo de esculturas e relevos antigos em Turim.
A primeira expõe os achados encontrados em Turim, a segunda se dedica ao território piemontês.
A terceira seção é a Galeria Arqueológica, que apresenta obras do Mediterrâneo e do Oriente.
A última área é sobre a escavação arqueológica do antigo Teatro Romano de Augusta Taurinorum, descoberto em 1723 durante as demolições no centro de Turim.
Museu Real de Turim: Biblioteca Real
O acervo da Biblioteca Real preserva mais de 200 mil volumes, entre papéis antigos, gravuras e manuscritos.
Foi Carlo Alberto de Savoi-Carignano o responsável por investir em mais obras para enriquecer a biblioteca a partir de 1831.
Em 1839 a família real adquiriu o acervo de Giovanni Volpato, que possui um núcleo de desenhos de mestres italianos e estrangeiros, incluindo treze folhas autografadas de Leonardo da Vinci.
De da Vinci há também o famoso Código sobre o voo dos pássaros.
A biblioteca ganhou uma nova sede em 1942, com projeto do arquiteto da corte Pelagio Palagi e desenho de mobiliário monumental disposto em dois níveis.
Após a Segunda Guerra Mundial, com a transferência dos bens da Casa de Savoia para o Estado, a Biblioteca Real tornou-se uma biblioteca pública.
Jardins Reais
A grande área verde do Museu Real de Turim tem cerca de sete hectares.
Os jardins se delimitam a norte e a leste pelas antigas muralhas da cidade, e a sul e a oeste pelo Palácio Real e edifícios anexos.
As transformações no local começaram no século XVI com o Duque Emanuele Filiberto de Savoia.
O espaço também sofreu influência da França no século XVII, graças a duas regentes de origem francesa, Maria Cristina e Maria Giovanna de Savoia-Nemours.
O Jardim Ducal, com uma moderna fonte, o Bastião Verde, um pavilhão com uma cobertura inclinada e o Boschetto, que tem a instalação Pietre Preziose do artista Giulio Paolini, formam a área.
Os Jardins Orientais formam o maior setor dos Jardins Reais, com a Fonte dos Tritões e Nereidas, criada por volta de 1757 pela escultora Simone Martinez.
*Valores de julho de 2024.
Serviço
O Museu Real de Turim fica na Piazzetta Reale, 1.
O horário de funcionamento é das 9h às 19h, de terça a domingo.
A bilheteria funciona até às 18h.
O ingresso custa € 15 a inteira e € 2 o preço reduzido, dos 18 a 25 anos*.
O audio-guia custa € 5.
O acesso é gratuito para menores de 18 anos, pessoas com deficiência e acompanhante e professores com alunos.
Guias turísticos com grupos, portadores de Museum Pass, cartão Torino+Piemonte, cartão ICOM também não pagam.
Os Jardins Reais funcionam de terça a domingo, das 8h30 às 19h.
A entrada é grátis.
Essa viagem foi realizada com a assessoria da Atlas Turismo.
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