A Basílica de Maria Auxiliadora dos Cristãos em Turim, Itália
A visita à Basílica de Maria Auxiliadora dos Cristãos nem sempre entra no roteiro dos turistas em Turim (ou Torino), no norte da Itália, infelizmente.
Muitos visitantes deixam de conhecer essa belíssima igreja do século IX, construída por São João Bosco, que está a apenas cinco quarteirões do Mercado Central e é muito amada pelo povo da cidade.
Nesse post vamos te contar porque você deve incluir a Basílica de Maria Auxiliadora (ou de Nossa Senhora Auxiliadora, para os brasileiros) no seu passeio em Turim.
Também tem vídeo sobre a Basílica de Maria Auxiliadora disponível no nosso canal no Youtube.
Dá o play, curte o vídeo e se inscreve no canal.
Maria Auxiliadora pediu, Dom Bosco atendeu
Foi em sonho que Dom Bosco recebeu o pedido de Nossa Senhora para edificar um templo em terreno santificado pelos mártires de Turim.
O ano era 1845, quando a Mãe de Deus mostrou ao Santo uma reunião de crianças, um campo e três igrejas em Valdocco.
Na terceira igreja, disse a São João Bosco: “neste lugar onde os gloriosos mártires de Turim, Aventor, Solutor e Otávio sofreram seu martírio, quero que Deus seja honrado de modo muito especial”. E colocou o pé até descansá-lo no ponto exato onde os mártires haviam caído.
Anos depois, em 1863, Dom Bosco começou a trabalhar no local onde os três santos foram martirizados pelos soldados romanos durante o domínio de Maximiano, no início do século IV.
Hoje a igreja abriga as relíquias desses santos.
O Príncipe Amedeo di Savoia estava presente quando a primeira pedra foi colocada e no dia 9 de junho de 1968, a igreja foi consagrada à Maria Auxiliadora com a primeira missa.
Toda a obra foi realizada com doações dos fiéis em agradecimento a bênçãos especiais de Deus mediante a intercessão de Maria Auxiliadora.
Muitos dos pedidos eram de proteção contra a cólera, que se espalhava em diversos países entre 1865 e 1867.
Por isso Dom Bosco dizia: “foi Ela quem tudo fez”!
A igreja foi ampliada entre 1935 e 1942 e elevada à “Basílica Menor” em 28 de junho de 1911.
E quem foi Dom Bosco?
São João Bosco foi um sacerdote católico italiano do século XIX.
Ele nasceu em 16 de agosto de 1815, em Becchi, uma localidade no noroeste da Itália, e é reconhecido por seus sonhos proféticos, que foram fundamentais na sua vida e missão.
Ainda na infância, com apenas 9 anos, teve o sonho que mudaria sua vida para sempre.
Ele estava no meio de uma multidão de meninos indisciplinados que blasfemavam contra Deus, quando recebeu a missão de guiar o grupo com bondade e amor, o que influenciou totalmente seu modo de evangelizar os jovens quando se tornou Padre.
Em 1859 fundou a Sociedade de São Francisco de Sales (1567), conhecida como Salesianos, inspirado na vida e obra do Santo e Doutor da Igreja.
Também fundou escolas, oratórios e centros de formação, guiando meninos e meninas na fé e para os desafios da vida.
E tudo começou no antigo bairro pobre de Valdocco em Turim, onde ergueu a Basílica de Maria Auxiliadora e hoje é o coração da Família Salesiana no mundo.
Dom Bosco dedicou sua missão à formação espiritual, a educação e a orientação profissional dos jovens, principalmente os mais pobres e em situações de risco, com uma abordagem baseada na razão, na religião e na amabilidade para formar “bons cristãos e honestos cidadãos”.
O trabalho iniciado pelo Santo hoje se estende a 133 nações com serviços voltados para os jovens mais carentes.
Por esse trabalho na evangelização, foi reconhecido como o Padroeiro da juventude.
A Igreja Católica celebra a memória de São João Bosco no dia 31 de janeiro.
A Basílica de Maria Auxiliadora em Turim
Quando dobramos a avenida Regina Margherita e entramos na Via Maria Ausiliatrice, nos deparamos com a igreja monumental erguida em louvor à Maria Auxiliadora.
Na frente da Basílica, uma estátua de Dom Bosco dá as boas vindas aos visitantes.
O passeio começa pela contemplação da fachada renascentista, inspirada na Basílica de San Giorgio Maggiore, em Veneza .
Uma escultura de Jesus com duas crianças está acima da entrada principal da igreja.
A igreja foi projetada por Antonio Spezia e construída entre 1865 e 1868 por Carlo Buzzetti, um dos primeiros meninos do Oratório de Dom Bosco.
Uma estátua dourada de Nossa Senhora da Piedade adorna a cúpula.
Nos alicerces da basílica estão as palavras que Maria dirigiu a Dom Bosco quando lhe revelou o desejo de construir a igreja: “Hic est domus mea, inde gloria mea” (esta é a minha casa, daqui sai a minha glória).
Ao entramos na igreja o esplendor é ainda maior.
No altar-mor o destaque é para o quadro de Maria Auxiliadora.
Preste atenção também às cúpulas maior e menor e a imagem de Maria Auxiliadora.
O título da pintura da cúpula maior é “As Glórias de Maria” e retrata três episódios que Nossa Senhora ajudou os cristãos, um deles foi a batalha de Lepanto, em 1571.
Duas capelas com tribunas ladeiam o altar, por trás ficam uma galeria e a sacristia.
A igreja tem ainda um órgão de três mil tubos.
Mas a riqueza do acervo merece um maior detalhamento.
Então continue a leitura para não perder nenhuma obra durante a visita.
Quadros da entrada da Basílica de Maria Auxiliadora em Turim
Dois quadros adornam a entrada principal da Basílica.
A obra do lado direito de quem entra, ilustra o “Sonho das duas colunas”, que Dom Bosco teve em 1862.
No alto de uma coluna está a Eucaristia e no topo da outra, a imagem de Nossa Senhora.
Ao centro o Papa conduz um navio que está sendo atacado.
A embarcação representa a igreja, ancorada nas duas colunas.
No quadro do lado esquerdo da entrada, São João Bosco está num barco salvando jovens de águas revoltas, com criaturas assustadoras.
Capelas laterais da Basílica de Maria Auxiliadora em Turim
Seguindo pelo lado esquerdo da nave central, o primeiro altar é o de São José, Padroeiro da Igreja Católica, o único que se manteve inalterado desde a época de Dom Bosco.
O altar seguinte é dedicado a São Domingos Sávio, que viveu no oratório de Dom Bosco.
Os restos mortais do santo estão depositados numa urna nesse altar.
Do lado direto da nave, a primeira imagem é a de Santa Cecília, Padroeira dos músicos, da música sacra e dos poetas, que antes indicava a escada para o coral.
Depois chegamos ao altar de Santa Maria Domingas Mazzarello, que fundou com Dom Bosco a Congregação das Filhas de Maria Auxiliadora, em Mornese, no Piemonte, em 1872.
O túmulo da santa está no altar sob um quadro e uma imagem que representam a Madre Mazzarello.
Em seguida está o altar em homenagem a Dom Bosco, que substituiu o altar original dedicado a São Pedro.
O altar é um projeto do arquiteto Mario Ceradini.
A balaustrada e os degraus são de mármore amarelo de Siena.
Nas laterais, duas estátuas seguram um cálice com a hóstia e um coração flamejante, símbolos da fé e da caridade.
O corpo do santo foi transferido da escola salesiana de Valsalice para o altar na sua beatificação, em 1929, onde está sepultado numa urna de bronze.
A imagem que representa Dom Bosco acima da urna usa roupas doadas pelo Papa Bento XV.
É possível ver mais detalhes do altar pela parte de trás também, num corredor que dá a volta pelo espaço.
A Basílica também guarda os túmulos de São José Bento Cottolengo e seis mil relíquias numeradas de outros santos católicos.
O quadro de Nossa Senhora Auxiliadora no altar-mor
O quadro pintado por Tomaz Lorenzoni impressiona pela sua magnitude e riqueza de detalhes.
A obra que decora o retábulo demorou três anos para ficar pronta, tem mais de sete metros de altura e quatro de largura, em uma moldura dourada.
O próprio Dom Bosco encomendou o quadro em 1865 com uma descrição precisa de tudo que imaginou.
Após alguns ajustes para não deixar a obra ainda maior, ele mesmo descreveu o trabalho:
“A Virgem Maria aparece circundada por um mar de luz e de majestade. Os anjos rodeiam e fazem obséquios, como que à sua rainha. Com a mão direita tem o cetro que é símbolo do seu poder, com a esquerda sustenta o Menino que tem os braços abertos, oferecendo assim as graças e a sua misericórdia a quem recorre a sua augusta Mãe. Ao lado e abaixo estão os santos Apóstolos e os Evangelistas, que olham a Santa Virgem. No fundo da pintura está a cidade de Turim, com o Santuário de Valdocco em primeiro plano e ao fundo o de Superga”.
Outros detalhes
No alto do quadro um olho simbólico representa o Deus Pai e mais abaixo, o Espírito Santo em forma de pomba, de onde partem raios sobre a cabeça e ao redor de Nossa Senhora.
Os Apóstolos Pedro (com as chaves) e Paulo (com a espada) estão abaixo de Maria Auxiliadora seguidos dos quatro Evangelistas, com os respectivos símbolos.
À direita, São Lucas, sentado sobre o touro e São Mateus, coberto com um manto branco.
À esquerda, São Marcos, sentado sobre o leão e São João Evangelista perto de uma águia.
Acima deles, os Apóstolos estão aos pés de Nossa Senhora, levando os instrumentos de seu martírio.
Entre Pedro e Paulo, aparece a Basílica de Maria Auxiliadora em Turim e, no horizonte, a colina de Superga, nos arredores da cidade, com o templo dedicado à Virgem Mãe de Deus.
O Papa Leão XIII concedeu uma coroação canônica da imagem de Maria Auxiliadora e no dia nove de junho de 1918, o Cardeal Salesiano João Cagliero, por decreto do Papa Bento XV, coroou a imagem de Maria Auxiliadora (que tem uma coroa de de doze estrelas) e colocou um cetro de ouro, dons da Princesa Isabel Czartoryski.
A Basílica foi o primeiro monumento realizado por Dom Bosco para Nossa Senhora.
Depois ele fundou a Associação dos Devotos de Maria Auxiliadora-Adma e o Instituto Filhas de Maria Auxiliadora, com Madre Mazzarello.
Primeiras capelas
Toda a área no entorno da Basílica preserva o espaço onde Dom Bosco iniciou o trabalho com os jovens, no antigo Oratório.
Lá também estão abertas a visitação a primeira capela e igreja que Dom Bosco construiu.
A pequena Capela Pinardi, de 1846, foi a primeira do Oratório de Valdocco.
E a primeira imagem de Maria que Dom Bosco comprou e colocou nessa capela foi de Nossa Senhora da Consolata, que está lá até hoje conservada como relíquia.
A Capela Pinardi chegou a ser usada como dormitório, sala de estudo e refeitório para a comunidade salesiana de 1856 a 1927, ano que foi restaurada e voltou a ser um lugar de oração.
Depois da Pinardi veio a Igreja de São Francisco de Sales, em 1852, e a Igreja de Maria Auxiliadora.
Museo Casa Don Bosco
No complexo que reúne a Basílica de Maria Auxiliadora, em Turim, salas de aula, pátios, quadras, Capela, Igreja e oficinas para formação profissional, também funciona um museu dedicado à obra de Dom Bosco.
O prédio que abriga o museu preserva os ambientes do primeiro Oratório em Valdocco.
A visita nos leva a espaços pobres e simples do início do século XIX, além de uma exposição com fotos, documentos, vestimentas e objetos que contam toda a missão de Dom Bosco.
Vale incluir o museu no roteiro no dia que for conhecer a Basílica.
Térreo
O passeio começa pela sala que data de 1853, onde Dom Bosco instalou a primeira oficina de encadernação.
O núcleo original da exposição começa com o conjunto de quatro quartos em que Dom Bosco viveu de 1853 a 1888.
Esta parte do edifício foi conservada tal como era desde a morte do Santo.
Subsolo
Seguimos para o subsolo onde funcionou o primeiro Oratório de Valdocco.
São cinco salas que foram utilizadas para vários serviços, como a adega, a primeira cozinha, a galeria com pórtico e o primeiro refeitório dos rapazes, que funcionou de 1854 a 1858.
A construção da adega do oratório de São Francisco de Sales ocorreu entre 1860 e 1861.
O local abrigava as cubas e a prensa usadas para a prensagem dos cachos de uvas, transportados para o interior através de aberturas no teto.
Aqui está exposta uma coleção de esculturas marianas provenientes de 133 países onde a Família Salesiana está presente.
No ambiente onde funcionou a cozinha do oratório, construída em 1856 e que preparava a alimentação de cerca de 220 pessoas em 1858, ainda é possível ver uma dispensa em alvenaria.
Vale ressaltar que durante muitos anos Dom Bosco contou com a ajuda da mãe, Mamãe Margarida, que também auxiliava na cozinha do Oratório.
Um antigo quadro em papel com moldura original da reprodução da Última Ceia, de Leonardo da Vinci, decora o espaço.
O corredor com abóbadas de tijolo que liga as salas data de cerca de 1870.
A visita continua em um outro refeitório que está abaixo da Igreja de São Francisco de Sales.
O espaço funcionou de 1858 até 1866 e serviu também de teatro.
Esse ambiente está dividido em quatro seções temáticas: iconografia mariana, doações, devoção popular e liturgia.
Primeiro andar
Nesse andar vemos cinco maquetes que representam a evolução arquitetônica do bairro de Valdocco a partir de 1846, com a chegada de Dom Bosco, até os dias atuais.
Nas paredes estão os esboços originais da publicação do texto “Oratório de Dom Bosco”, de F. Giraudi, que auxiliam na compreensão do desenvolvimento arquitetônico do local.
A sala continua com a exposição de obras de arte realizadas por artistas ligados, por diversos motivos, a Dom Bosco e ao Oratório original, bem como ao período da pintura em Turim na segunda metade do século XIX.
Também estão expostos os perfis biográficos de alguns dos primeiros colaboradores de Dom Bosco, como São José Cafasso e Dom Giulio Barberis.
Segundo andar
Neste andar conhecemos as Salas Dom Bosco.
Começamos na Sala de Espera, originalmente o quarto de Dom Bosco de 1853 a 1861.
Este quarto servia para dormir, como hall de entrada e de escritório, onde Dom Bosco escreveu muitas das suas primeiras obras populares e em 1854, leu para Domingos Sávio as palavras de São Francisco de Sales “Da mihi animas caetera tolle” (Dai-me almas e ficai com o resto).
Foi nesta sala também que Dom Bosco fundou a Congregação Salesiana em 18 de dezembro de 1859.
O ato original de fundação está exposto no ambiente.
Outros quartos
A exposição continua em outro quarto usado por Dom Bosco de 1861 a 1887.
Foi aqui que passou muitas noites trabalhando e estudando na cama, no sofá, nas cadeiras e na escrivaninha, e onde escreveu as Constituições dos Salesianos e das Filhas de Maria Auxiliadora.
Também visitamos a sala que serviu de Capela a partir de 1886, com um altar que substituiu um “altar-armário”.
O Cardeal Alimonda, Arcebispo de Turim, benzeu a capela em 24 de janeiro de 1886, festa de São Francisco de Sales.
Durante a sua última doença, até 31 de janeiro de 1888, Dom Bosco residiu no chamado quarto mortuário.
No local onde se encontrava o leito de morte, vemos as vestes originais de Dom Bosco: a batina, o casaco com a capa, os chapéus e o gorro.
Também há objetos e a projeção de vídeos históricos da beatificação e canonização de São João Bosco, os paramentos feitos por quarenta Filhas de Maria Auxiliadora e uma toalha de mesa bordada em seda marfim.
Chama atenção a urna de madeira do arquiteto salesiano G. Valotti, utilizada na beatificação.
Nesta sala há também um lugar para o jarro do milagre, presente da família Clément, relativo a um caso de bilocação de Dom Bosco (presença simultânea em dois lugares diferentes), ocorrido em 14 de outubro de 1878.
Serviço:
A Basílica Maria Auxiliadora fica na Via Maria Ausiliatrice, número 32.
O acesso à igreja e ao Museu Casa Dom Bosco é gratuito.
Anote o horário de funcionamento do museu:
O museu não funciona na segunda-feira.
De terça-feira e quinta-feira, funciona das 9h30 às 12h30.
De quarta e sexta-feira, das 14h30 às 17h30.
Sábados e domingos das 9h30 às 12h30 e de 14h30 às 17h30.
Essa viagem foi realizada com a assessoria da Atlas Turismo.
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