Galleria Dell’Accademia com guia brasileira

Uma imersão na vida e esculturas de Michelangelo expostas nesse museu de Florença

A Galleria Dell’Accademia é roteiro obrigatório de uma primeira visita à Florença, na Itália.

Todo mundo quer ver o Davi de Michelangelo, é claro.

Mas ver, conhecer e sentir – o pacote completo – só com a ajuda de um especialista.

Tivemos a sorte de ganhar esse presente de Padrya Bucar, uma guia brasileira radicada em Florença.

Padrya nos deu um “aulão”, como ela mesma diz, sobre as esculturas de Michelangelo Buonarroti no museu, além de nos fazer mergulhar na vida desse artista e de outros, como Leonardo da Vinci.

Mas não tem só obra de Michelangelo por lá. A galeria tem um acervo com trabalhos de outros artistas, que merecem que a gente dedique um tempinho a mais para esse museu.

Nesse post vamos contar como foi nossa experiência de visita guiada pelas principais esculturas da Galleria e o que mais vimos nesse importante museu italiano.

A guia

Conheci Padrya Bucar através de uma amiga, que descobriu o Instagram dela. Assim que acessei o conteúdo, comecei a seguir, mas foi quando vi o primeiro vídeo que me identifiquei.

Assim como nós, Padrya é nordestina, o que me deixou à vontade para fazer o primeiro contato.

Ela vive em Florença há 14 anos e é guia profissional na cidade depois de estudar bastante para adquirir a licença.

Hoje Padrya realiza diversos passeios personalizados, como o tour dos Médici, os museus da cidade e suas obras mais famosas, vinícolas, degustações em Florença, percursos secretos e, o mais recente, tour da moda na capital da Toscana.

Para a nossa família, ela preparou uma imersão pelas principais esculturas da Galleria dell’Accademia e pela vida e obra de Michelangelo.

É um turismo de experiência, como ela chama seus roteiros.

Então, vamos começar esse passeio?!

O passeio guiado/aulão

Encontramos Padrya na frente do museu. Ela nos orientou quanto à troca dos vouchers pelo ingresso, já que compramos tudo online, depois entrou com a gente para começarmos a visita.

Após uma breve exposição sobre a história da Galleria dell’Accademia, entramos na Sala de Colosso para conhecer a obra “o rapto das Sabinas”, do artista Giambologna.

A escultura de gesso é a versão original do século XVI que gerou outra obra também original, já que a segunda é de mármore e foi esculpida num único bloco pelo artista em 1582.

A segunda escultura está exposta ao ar livre na Loggia dei Lanzi, na Piazza della Signoria, em Florença.

Nessa versão, o detalhe da mão afundando no músculo impressiona.

Na sala seguinte somos arrebatados por um conjunto de esculturas de Michelangelo Buonarroti.

Todo mundo sabe que o Davi está lá, ao fundo, lindo e imponente.

Mas tente segurar a ansiedade para apreciar o que vem antes dele.

Foi o que fizemos. Conseguimos manter o controle direitinho, rs.

Pintor, escultor, poeta e arquiteto.

Enquanto ficamos ali contemplando as obras desse gênio do Renascimento, conhecemos mais sobre a vida pessoal e a personalidade de Michelangelo na divertida conversa com Padrya.

Começamos pelas esculturas chamadas de Prisioneiros, projetadas para o túmulo do Papa Júlio II.

Foi nesse trabalho que o artista desenvolveu uma técnica que dá a impressão que a obra está inacabada.

As figuras parecem querer escapar dos grandes blocos de mármore, é incrível!

Uma das mais marcantes é o Atlas.

Confesso que demorei para encontrar o rosto da estátua, tamanha a sutileza dos traços de Michelangelo naquele bloco enorme.

No caminho até o Davi tem ainda uma escultura representando o evangelista Mateus e a Pietà da Palestrina, cuja autoria de Michelangelo está sendo questionada.

Uma das razões para a dúvida é exatamente a qualidade do trabalho, que não estaria à altura do artista na época em que foi feita, já depois do Davi.

O inigualável Davi

Depois de percorrer o caminho ornado com as obras de Michelangelo, chegamos até uma das obras mais famosas do mundo: o Davi.

Ele está lá, imponente, numa sala construída especialmente para a escultura de Buonarroti.

Padrya nos leva para o lado direito da obra, o que seria o momento da contemplação.

Davi está a poucos minutos de lançar a pedra e concentrado no alvo.

As costelas aparentes demonstram que ele está respirando fundo.

Já as pupilas dilatadas revelam uma surpresa, elas tem o formato de coração.

Aqui Padrya nos conta que Michelangelo começou a trabalhar no Davi em 1501. A obra foi encomendada para enfeitar o alto da Catedral de Florença, portanto, deveria ter proporções para ser vista de baixo para cima.

Porém, quando a escultura ficou pronta três anos depois, a igreja mudou de ideia e o Davi teria que ser exposto em um novo local .

Foi quando uma comissão formada pelos principais artistas da época, entre eles, nada mais, nada menos que Leonardo da Vinci, Sandro Botticelli e o autor da obra, obviamente, resolveu que o Davi iria para a entrada do Palazzo Vecchio.

Depois de muitos anos, a estátua foi transferida para o museu para ficar protegida do tempo e, no seu lugar, foi colocada uma réplica.

Vamos agora para a parte de trás para ver mais detalhes da escultura de mármore que, com a base esculpida, mede 517 centímetros de altura e pesa 5.560 quilos.

Aqui um dos destaques é a funda usada para lançar a pedra e a precisão do tendão de uma das pernas, pouco tempo antes da ação.

O que nos leva ao outro lado da escultura, ainda mais detalhista.

As veias da mão direita de Davi estão prontas para agir. É incrível como desse ponto de vista percebemos toda a tensão no corpo, músculos e veias.

Davi está pronto para lançar a pedra em Golias.

É claro que nenhuma descrição aqui supera o sentimento de ver o trabalho de Michelangelo de perto. Mas certamente contemplar a obra com o auxílio de uma profissional, amplia o nosso olhar consideravelmente.

Ela nos fez perceber cada detalhe, cada minúcia que poderiam passar despercebidos. Sem essa ajuda a gente não teria visto por completo esse presente que Michelangelo deixou para a humanidade.

E tudo isso com uma linguagem lúdica e divertida adaptada para as crianças, que ficaram atentas do começo ao fim. Todos nós aprendemos bastante.

Nosso passeio guiado com Padrya terminou na ala da contrarreforma, mas você pode conferir mais dessa visita nesse super vídeo, que também está disponível no nosso canal no Youtube.

Mais do acervo da Gallleria

O Davi é demais, eu sei. Mas a Galeria de Belas Artes de Florença tem muito a oferecer e é uma pena passar por lá correndo. Definitivamente, não foi o que fizemos.

Ao fim do passeio guiado, voltamos para a primeira sala do museu e começamos a segunda parte da nossa visita.

Além da escultura original em gesso “o rapto das Sabinas”, de Giambologna, nas paredes da sala há pinturas do século XV, com obras da arte gótica e renascentista.

Seguindo um pequeno corredor ao lado, chegamos a um espaço que abriga a coleção do Conservatório “Luigi Cherubini” de Florença e cerca de cinquenta instrumentos musicais das coleções particulares dos Grão-Duques da Toscana, dos Médici e da Lorena, coletados entre a segunda metade do século XVII e primeira metade do século XIX.

Entre os destaques, há a viola e o violoncelo de Antonio Stradivari, parte do quinteto feito em 1690 para o príncipe Ferdinando de Médici, um violino Stradivari de 1716 e um violoncelo Niccolò Amati de 1650.

Podemos ver também, uma espineta oval (uma espécie de piano) e um cravo em ébano, ambos construídos por Bartolomeo Cristofori.

No espaço há ainda pinturas de autores como Anton Domenico Gabbiani e Bartolomeo Bimbi, que representaram a vida musical na corte, além de estações multimídia que reproduzem os sons dos instrumentos exibidos.

Mais adiante, passando pelo Davi, entramos na Gipsoteca Bartolini, que reúne uma coleção de esculturas com obras dos séculos XVIII e XIX do escultor italiano Lorenzo Bartolini, além de outros artistas.

Quase todas as esculturas são modelos originais modelados com as mãos pelos próprios autores.

Também há pinturas pinturas de mestres do século XIX que estudaram ou lecionaram na Academia de Belas Artes de Florença.

Ainda no térreo, três salas expõem arte sacra produzida ao longo de três séculos, do XIII ao início do século XIV, numa das mais importantes coleções da pintura italiana antiga do mundo.

As pinturas com fundo dourado, além de tapeçarias, também estão expostas no segundo andar  do museu, que pouca gente vai.

Então reserve um tempo maior para explorar o museu todo e descobrir obras dos maiores artistas florentinos do período, como Giotto e o Maestro della Cecília.

Tem mais vídeo do acervo da Academia de Belas Artes de Florença.

Serviço:

A Galleria Dell”Accademia funciona de terça a domingo, das 8h15 às 18h50.

O ingresso custa € 12 para pessoas acima de 18 anos. Crianças até 10 anos não pagam, acima disso a taxa é de € 4 (preços de Janeiro de 2019).

O museu fica na Via Ricasoli, 58/60.

Os passeio guiado do Família que Viaja Junto pelas esculturas da Galleria Dell”Accademia foi uma cortesia de Padrya Bucar.

Essa viagem foi realizada com a assessoria da Atlas Turismo.

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