No Paço do Frevo, toda a grandiosidade e imponência do secular patrimônio pernambucano
“Ouvi dizer
Que o mundo vai-se acabar,
Que tudo vai pra cucuia,
O sol não mais brilhará.
Mas se deixarem
Um bombo e uma mulata,
E um trombone de prata,
O frevo bom viverá.
Pode acabar o petróleo
Pode acabar a vergonha,
Pode acabar tudo enfim,
Mas deixem o frevo pra mim”.
(Trombone de Prata, Capiba)
O endereço é a Praça do arsenal da Marinha, no Bairro do Recife, num prédio do início do século XX onde funcionava uma empresa inglesa de telégrafos, a Western Telegraph Company.
A construção imponente já traz na sua fachada um estandarte festivo e grandioso que nos avisa: estamos no Paço do Frevo.
Dentro do Paço do Frevo
Ao entrar no prédio, já começamos a ser estimulados pelas cores, formas e textos nas paredes. Tem instalação até no teto, coberto por milhares de bonequinhos vermelhos, que representam todas as pessoas que integram o Frevo.
Segundo o assistente da Gerência de Desenvolvimento Institucional do Paço, José Terceiro, a instalação “é uma forma de fazer referência a presença do povo na expressão, já que o Frevo não é apenas formado por músicos e passistas, mas de todos os foliões, artesãos, compositores e ‘fazedores’ do Carnaval”.
Depois de passarmos pela recepção, que também tem uma cafeteria, o Malakoff Café, fomos direto ao 3º andar acompanhar a vivência de da dança de Frevo.
Para quem tem mobilidade reduzida, o acesso pode ser feito pelo elevador do prédio.
E só uma orientação de leitura, algumas fotos que você vai ver nesse post podem ter ficado escuras porque dentro do Paço é proibido usar flash.
No alto do Paço
O último andar é certamente o lugar mais bonito do Paço, tanto pela vista que proporciona do bairro do Recife, adornada por letras de Frevo, quanto pelo acervo rico em cores, minuciosidades e história.
A exposição “Praça do Carnaval” é toda decorada com flabelos e estandartes de blocos e troças de Recife e Olinda, além de 365 fotos do carnaval pernambucano.
Para onde se olha, respira-se (e inspira-se) cultura e emoção.
É no centro dessa praça enfeitada que acontece a vivência de Frevo, onde os visitantes são convidados a aprender alguns passos dessa dança contagiante.
Gente de todas as idades entra na roda, segura a sombrinha e ensaia algumas das coreografias dos passistas, com o auxílio bem humorado e didático de um professor.
Impossível não querer sair frevando por aí.
Música e dança no Paço
Ainda no terceiro andar, o público visita duas salas de audiovisual.
A primeira é dedicada ao Frevo, enquanto ritmo, música, que nasceu dos dobrados militares do final do século 19 e se transformou nos atuais 3 tipos: Frevo de Bloco; Frevo Canção e o Frevo de Rua, que se subdivide em “Frevo-Ventania”, “Frevo-Coqueiro” e “ Frevo de Abafo”.
Um emoldurado clarinete de 1935, que pertenceu a Banda Revoltosa, recebe os visitantes.
Na sala, um vídeo com a participação de músicos, maestros e historiadores, conta mais sobre essa expressão registrada como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil em 2007 (IPHAN) e reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade, em 2012 (UNESCO).
Na sala seguinte, é a vez de aprendermos mais sobre o Frevo, enquanto dança, em um vídeo dedicado ao assunto.
As informações valiosas da produção dividem espaço com outra relíquia, uma delicada sombrinha foliã de 1940.
A palavra Frevo vem de “ferver”, graças a ebulição provocada pela dança e música que contagiam as ruas de Recife, Olinda e de outras cidades pernambucanas no carnaval.
Mas a primeira vez que a palavra foi publicada, em um jornal da capital do estado, se referia à música.
Exposição no Paço do Frevo
Curiosidades como essas nos levam ao acervo do 2º andar do Paço, da Sala Bajado, na exposição temporária “Frevo Experimental”.
A alegoria “Os restos do Carnaval” remete a diversos elementos e símbolos do carnaval pernambucano.
O Homem da Meia Noite, o astronauta (pertencente ao universo de um conhecido frevo – o Hino da Troça Ceroulas), o flabelo, a tuba e a chaleira, que representa a efervescência dessa manifestação cultural, são apenas alguns dos elementos da instalação.
Um olhar mais atento vai se surpreender com as tantas mensagens cuidadosamente incrustadas na alegoria.
Os visitantes tem ainda acesso individual a vídeos nesse ambiente, que é um grande quadro-negro, literalmente.
Todo mundo pode deixar seu recado lá.
Serviços do Paço do Frevo para a comunidade
É também no segundo andar que funciona a Escola de Dança do Paço do Frevo, além de cursos regulares e temporários e oficinas para adultos e crianças, com atividades ao longo do ano.
Já teve até aula de uma nova modalidade que mistura Frevo com Pilates.
No 1º andar não há exposição, mas o Família que Viaja Junto foi convidado a conhecer o espaço para compartilhar tudo com vocês.
Nesse pavimento funcionam a Escola de Música do museu, onde três orquestras estão incubadas, um estúdio e salas de ensaio que podem ser usadas gratuitamente pelos músicos, mediante agendamento.
No ambiente também está instalada a Rádio online do Paço, que pode ser acessada no próprio site do museu.
Na programação, muito Frevo o ano todo.
Mostras do térreo do Paço do Frevo
No térreo visitamos a exposição “Linha do Tempo“, com os acontecimentos ano a ano ao longo de mais de um século de história do Frevo.
Outra mostra reúne 16 fotos das décadas de 40 e 50 de dois franceses.
Marcel Gautherot e Pierre Verger registraram as imagens na Praça do Diário, no Centro de Recife, considerada o berço do Frevo, já que foi lá onde os primeiros movimentos aconteceram.
Em outro ambiente há a reprodução do livro sobre o Inventário do Frevo e um singelo totem que representa a origem das quatro primeiras manifestações de rua do carnaval pernambucano, desde os Clubes de Frevo, do final do século 19, passando pelos Clubes de Boneco, aos Blocos Carnavalescos mistos, onde só as mulheres cantam e carregam o flabelo (mais leve que o estandarte) e as Troças Carnavalescas.
Documentação e memória no Paço
O Paço dispõe do Centro de Documentação e Memória Maestro Guerra-Peixe, com um acervo bibliográfico e documental sobre o Frevo e outras manifestações culturais. Tudo fica disponível para a consulta dos pesquisadores.
No local, funciona o Observatório do Frevo, um programa mensal de interlocução, estudos e pesquisas do museu. Todos os anos também é promovido o “Encontro de Pesquisadores de Frevo”, que debate diversos temas do universo do patrimônio.
Em 2017, no dia dedicado ao Frevo – 9 de Fevereiro, o Paço completa 3 anos.
Só em 2016, 86.000 pessoas, uma média 7.166 por mês, visitaram o museu (dados fornecidos pela gerência).
A programação é extensa e variada durante o ano, e pode ser consultada no site, que já disponibilizamos no início desse post.
Existem algumas das atividades fixas, como a Hora do Frevo, com apresentações musicais instrumentais gratuitas, todas as sextas, ao meio dia. Já a vivência de dança do Frevo acontece todas as terças, sábados e domingos, durante o horário de funcionamento do museu.
Quer ver um pouco mais desse museu dedicado ao Frevo? Confere nesse clip que também está disponível no canal do Família que Viaja Junto.
Serviço:
O Paço do Frevo pode ser visitado de terças a sextas, das 9h às 17h, e sábados e domingos, das 14h às 18h.
O ingresso custa R$ 8, a inteira, e R$ 4 para estudantes e maiores de 60 anos. Lembrando que todas as terças e no 1º domingo de cada mês, o acesso é gratuito.
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Vai pra Recife e quer salvar essa dica? Então é só clicar na foto abaixo.
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Preciso conhecer a cidade e toda essa cultura que você nos apresentou em seu post. Adorei!
Que bom que gostou Eloah! Tem mais coisas boas de Recife e outros destinos vindo por aí. Continue acompanhando a gente! Abração!!!
que lugar interessantíssimo, Pernambuco está na minha lista de cidades a visitar, o carnaval do Recife é um dos que mais me impressiona sem sombra de dúvidas!
Pernambuco é um lugar cheio de coisas para conhecer, do litoral ao sertão. Não deixe de visitar, não só no carnaval, rs, você vai adorar! Obrigada por nos visitar.
Tive a honra de conhecer e ainda ensaiar com artistas locais! Lindo relato! Adoramos!!!!!!
Que massa! O lugar é mesmo inspirador e rico em cultura. Obrigada pelo comentário.
Quando viagem e cultura “andam” juntos é muito bacana. Nossa família ama! Muito lega o post
O bom de viajar é aprender coisas novas com pessoas diferentes. É o melhor investimento que podemos oferecer aos nossos filhos, não é Aline?
Que lugar bacana! Visitei Recife muito rapidamente e não vi nada disso, acho que tá na hora de voltar!
Abraço,
Tá na hora de voltar mesmo Gisele, tem muita coisa nova pra você conhecer.
que lugar maluco, cada foto uma surpresa aheuah fiquei muito “como assim bonequinhas no teto”? meodeos imagina o tempo que levou pra colar tudo isso lá aheuahe
É realmente uma obra de arte pra todo lado que se olha e com muita história pra contar em cada uma delas. Obrigada por acompanhar nossa família.
Também ameigai esse museo. Dá pra conhecer muito da história e cultura local, né?
Bom post, bem completo.
Isso mesmo, e ainda dá pra aprender unas passinhos de frevo, rs!
Quanta cultura e diversidade para um país só!
Na ida a Pernambuco, vou incluir o Paço como uma meta de visita. Super bacana!
Isso mesmo Dayana, a cultura do lugar também faz parte de sua história. O Paço merece realmente uma visita.
Que museu lindo! Parece ter sido montado com muito amor <3
É realmente um lugar especial Camila, onde música, dança e arte se complementam e emocionam.