Bariloche na neve, um passeio imperdível no inverno
Em Junho, Julho, Agosto e até meados de Setembro, Bariloche, na Argentina, é o destino de muitos turistas, principalmente os brasileiros. Eles vão em busca de curtir o inverno e brincar na neve.
O frio é garantido, mas a neve nem tanto. Nós demos a maior sorte e quando chegamos já estava nevando.
Fomos na última semana de Julho e chegamos com neve, nevou mais de um dia na cidade e os cerros (as montanhas) estavam branquinhos.
Veja algumas fotos que fizemos da janela do hotel logo nas primeiras noites. E já deu pra começar a brincar ali mesmo.
Já na semana seguinte, grande parte da neve do Cerro Otto (onde fica Piedras Blancas) já tinha derretido.
Mas isso depende muito do clima e não é nada preciso.
Independente da neve, Bariloche é linda e com paisagens de tirar o fôlego para qualquer lado que se olha.
A cidade da Patagônia Argentina fica às margens do lago Nahuel Huapi (que significa ilha do felino, na língua Mapuche) e cercada por montanhas.
Nessa viagem, a família ficou ainda maior com a presença do vovô e da vovó e a aventura também cresceu.
Há muitos passeios a se fazer, os principais vou descrever a seguir.
Circuito Chico
Esse é o passeio de “reconhecimento” de Bariloche. Um trajeto curto (daí vem o nome chico, de pequeno), que dura apenas uma manhã ou uma tarde, saindo do centro da cidade.
O circuito é de aproximadamente 60 km e tem o formato do número nove. A primeira parada é no Cerro Campanario, um dos mirantes da cidade.
Você sobe numas cadeirinhas (aerosillas) e em poucos minutos está no topo. Na cadeirinha cabem duas pessoas e você sobe vendo a montanha aos seus pés, literalmente. O ingresso da subida não está incluído no valor do passeio, por isso tem que comprar lá na hora.
No dia em que fomos tinha neve lá em cima, mas não dá para brincar muito com as crianças porque a maioria dos patamares não tem proteção, alguns são até escorregadios por causa do gelo no chão e fica meio perigoso.
Bom mesmo é aproveitar a paisagem dos vários lagos e montanhas do alto. Se quiser passar mais tempo, vá fora do circuito porque durante o passeio você não demora lá em cima.
Ainda no circuito eles param na Capela San Eduardo, de onde se tem a vista do Hotel 5 estrelas LLao LLao (que quer dizer algo como “Doce-Doce”, na língua dos Mapuches, primeiros moradores da região).
O guia também leva o grupo para dar uma passada na frente do hotel (sem descer, é claro) em que já se hospedaram nomes como Barack Obama.
Ao longo do percurso, você aprende algumas coisas sobre a fauna e flora da região, sobre os lagos que vão cruzando o caminho e faz mais uma pausa para apreciar a paisagem em um outro mirante.
Vale ir para se situar.
Confeitaria Giratória e Cerro Otto
Este passeio não precisa ser comprado em nenhuma agência de turismo.
Tem uma linha gratuita de ônibus saindo do centro durante o dia todo que te leva de graça até o teleférico do cerro.
Sim, aqui é um teleférico mesmo e não uma cadeirinha, onde você sobe num acesso todo fechado e mais quentinho.
Na base do cerro também se compra o ingresso para chegar à montanha.
Lá em cima, mais mirantes e vistas lindas para todo lugar que se olha. Também tem uma pista para descer de trenó (que eles chamam de ski bunda).
Depois de desfrutar da paisagem, você entra na confeitaria para tomar um café ou um chocolate quente e comer empanadas, cubanitos (todos os detalhes no post sobre nossas Experiências Gastronômicas em Bariloche e redondezas) e até sanduíches.
O local onde ficam as mesas realmente dá uma volta de 360 graus e você pode ver tudo ao redor, com a vantagem de estar mais aquecido.
Lá em cima também tem uma lojinha, uma pista de dança e um pequeno museu com réplicas das obras de Michelangelo, como a famosa estátua de Davi, além de quadros.
Montanha e tango
Esse foi um dos nossos passeios preferidos, uma vivência nova para toda a nossa família.
A proposta é subir a montanha à noite (de van, até um certo ponto do Cerro Otto) e fazer uma trilha na neve usando aquelas lanterninhas na cabeça (e claro, toda aquela roupa impermeável que você aluga assim que chega na cidade).
Realmente é uma aventura, mas a trilha é leve e tranquila para os mais “vividos” e para as crianças também.
Em um momento da caminhada, o guia pede para desligarmos as lanternas e fazermos silêncio para observar a cidade do alto.
O único som que escutamos é o dos cães latindo. Segundo o guia, existem três cachorros para cada habitante da cidade e realmente isso é bem curioso por lá.
Tem cachorro pra todo lado, inclusive dentro de alguns ambientes, circulando tranquilamente.
Mas voltando à nossa experiência nesse passeio, continuamos seguindo na trilha até uma fogueira onde brindamos a uma noite maravilhosa com licor ou chocolate.
Depois visitamos a casa tombada do montanhista Otto Meiling (o nome do cerro é em homenagem a ele), o responsável por explorar e batizar todas as montanhas das redondezas.
A casa dele é bem preservada e guarda todos os utensílios usados pelo montanhista enquanto ele morou por lá.
A noite ainda não terminou. A próxima parada é no Refúgio Berghof, uma cabana aquecida com lareira.
O local perfeito para um jantar à luz de velas e apresentação de canções de tango ao vivo.
No cardápio, um espeto misto de entrada e de prato principal, as opções são sorrentinos de abóbora (uma massa), truta recheada (peixe encontrado por lá) ou mini-caçarola de cordeiro, sem falar na sobremesa, um cheesecake de frutas vermelhas.
Tudo deixa a atmosfera perfeita para depois retornarmos à trilha e descermos à montanha de van.
A programação termina mais de meia noite e tem gente que já volta cochilando.
Piedras Blancas
Esse é mais um dos nossos passeios preferidos e com certeza o mais divertido.
Piedras Blancas é um centro de ski que também tem mais de 3 km de pistas para descer de trenó.
O local também fica no Cerro Otto (bem perto do centro), mas lá chega-se de carro.
Quando você paga o ingresso, recebe uma etiqueta que te dá direito a seis subidas de trenó em qualquer uma das pistas.
E antes mesmo de ir pras pistas, já dá para ter contato com a neve e começar a brincadeira.
Mas antes de se aventurar nas descidas, tem que passar por uma rápida palestra com algumas orientações de segurança e de como tudo funciona.
É claro que eles te persuadem a alugar capacete e óculos como itens indispensáveis para evitar acidentes (e foi o que fizemos), mas sinceramente, depois que alugamos tudo, não vi necessidade.
Talvez só dos óculos, porque às vezes os trenós que vão na sua frente jogam neve em você e pode cair nos olhos.
Mas enfim, depois que você sentir que as pistas não são tão rápidas e radicais assim (em alguns trechos você tem que levantar e sair andando), vai concluir que não é pra tanto.
Com itens alugados ou não, já que ninguém é obrigado a nada, você pega o trenó (incluído no valor do ingresso), vai para o teleférico e sobe para um trecho mais alto.
Lá tem uma pista “kids” que na verdade é para os mais pequenininhos, mas você também pode treinar numa rampa menor antes de descer na pista de verdade.
Cada pista tem um nível de emoção, vamos dizer assim, então você começa pela mais light para se sentir mais confiante.
Mas mesmo as mais rápidas são tranquilas e, dependendo do tamanho dos seus filhos, dá pra ir em todas.
Os meus tinham 6 e 10 na época e não tiveram nenhuma dificuldade.
Depois que você desce em cada pista, tem a opção de pegar o teleférico, subir de novo, repetir a pista ou ir em uma diferente, desde que esteja no limite daquelas 6 subidas a que você tem direito.
É muito divertido e rende boas risadas, inclusive de você mesmo.
Lá tem lanchonetes, tanto na base quanto no alto do cerro, mas estão sempre cheias e só servem coisas bem simples, como chocolate quente, cachorro-quente e sanduíches.
Cerro Catedral
Este é o point do ski em Bariloche e um dos centros mais importantes da América Latina nesse esporte.
Quem quer ter aulas e aproveitar os vários níveis de dificuldade das pistas, esse é o lugar certo. São muitas pistas, cada uma mais alta que a outra.
Mas se você não quer esquiar (ou não está disposto a desembolsar uma quantia significativa pra isso), vale pegar o teleférico (daqueles fechados e mais quentes, mas só até o primeiro nível, depois é cadeirinha mesmo) e subir pra apreciar a paisagem e brincar na neve.
E você ainda pode continuar subindo e continuar se aventurando dentro das nuvens.
Lá em cima, já no primeiro nível, também tem atividades com trenó para os pequenos, aquelas bóias para escorregar (que eles chamam de Donas) e passeios na neve, inclusive aqueles com raquetes para os pés.
Na base do cerro tem muitas lanchonetes, lojas e também um ponto de apoio para deixar as crianças menores brincando.
Isla Victoria e Bosque de Arrayanes
Em Bariloche não tem programação só nos cerros e na neve. Os passeios de barco também são uma delícia e vale investir pelo menos um dia para viver essa experiência.
Todos os passeios saem do Puerto Pañuelo, e todo mundo tem que pagar uma taxa de embarque e outra para entrar no Parque Nacional Nahuel Huapi, além do valor do passeio em si.
No passeio da Isla Victoria, que antigamente se chamava Nahuel Huapi (daí o nome do lago), você sai do porto e é seguido por dezenas de gaivotas. Essa já é a primeira atração dos passeios de barco.
Se você levantar a mão e oferecer uma bolacha, elas vem comer na hora. É claro que todo mundo quer tirar uma foto alimentando os pássaros, portanto, leve sua bolachinha ou compre no barco mesmo e pague um pouco mais.