Passeio pelo Centro Histórico de Salvador

O que visitar no Pelourinho

Passeio pelo Centro Histórico de Salvador

Farol da Barra, Rio Vermelho, Itapoã. São muitos os pontos turísticos famosos e badalados de Salvador.

Mas visitar o lugar onde boa parte da história da primeira capital brasileira começou, também é um passeio interessante para entrar na sua programação.

Nesse post fizemos um roteiro por este sítio histórico reconhecido pela Unesco como Patrimônio da Humanidade.

Passeio pelo Centro Histórico de Salvador: rua do Carmo

Vamos começar nosso passeio pela rua do Carmo, já que ficamos hospedados no hotel histórico instalado num prédio do século XVI nessa via. Contamos como foi essa experiência no Pestana Convento do Carmo aqui.

Mas se você não estiver hospedado no convento, também pode visitar algumas áreas do prédio, como o primeiro claustro.

Lá funciona ainda um museu e uma das mais belas sacristias da América Latina, atualmente fechados para reforma.

Igreja de Nossa Senhora do Carmo

A Igreja de Nossa Senhora do Carmo, construída no início do século XVII, em estilo neoclássico, faz parte da estrutura do convento e também está aberta à comunidade.

Visita guiada na Igreja da Ordem Terceira do Carmo

Bem ao lado da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, um pouco mais recuada, fica a Igreja da Ordem Terceira do Carmo, de 1788.

Como em outras igrejas do Centro Histórico, a da Ordem Terceira, de responsabilidade dos irmãos terceiros, foi construída mais recuada em respeito à Ordem Primeira, administrada pelos padres.

A construção, de estilo barroco com detalhes góticos, traz em sua fachada uma decoração com pedras de Lioz, que vieram de Portugal.

O coroamento da fachada da igreja é com a cruz e o brasão carmelita, também esculpidos em pedra de Lioz.

É possível conhecer o interior da igreja e outros ambientes numa visita guiada.

O passeio começa pela igreja, onde vemos de perto seus altares em estilo neoclássico.

O crucifixo do altar mor fica entre as bandeiras da Bahia e do Brasil.

Há ainda a imagem de Nossa Senhora do Carmo, onde a Virgem e o menino Jesus seguram escapulários.

O momento da visita guiada que as crianças mais gostaram foi conhecer a parte de baixo da igreja, onde ficam os túneis que, segundo o guia, serviam para ligar outros prédios do Centro Histórico.

Porém os túneis estão selados e tem uma pequena extensão.

Visitamos ainda outros ambientes, como o pátio e a sacristia.

Além de uma sala com imagens de santos esculpidos em madeira oca, usados para sonegar impostos cobrados pela Coroa Portuguesa.

É daí que vem a expressão “santo do pau oco”.

Senhor Morto

O ponto alto da visita é a imagem do Senhor Morto, que representa Jesus após ter sido retirado da cruz.

A peça foi esculpida com riqueza de detalhes de anatomia no século XVII pelo artista baiano Francisco Manoel das Chagas, “O Cabra.

As gotas de sangue da imagem são feitas com dois mil rubis vindos da Índia.

As pedras simbolizam o valor do sangue infinitamente precioso de Cristo.

A visita guiada funciona de 9h às 17h e custa R$5, só crianças pequenas não pagam. Além disso eles pedem uma gorjeta para o guia com valor a seu critério.

Passeio pelo Centro Histórico de Salvador: Igreja Santíssimo Sacramento da rua do Passo

Descendo a ladeira do Carmo, chegamos à icônica escadaria do Passo, da Igreja do Santíssimo Sacramento da rua do Passo.

A escadaria com 55 degraus ficou eternizada no filme “O Pagador de Promessas”, de 1962, que ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes, na França, em 1962.

O local também foi cenário da gravação do clip de Paul Simon “The Obvious Child “com o Olodum.

A escadaria da acesso a rua do Passo, uma via estreia com várias casas e sobrados dos séculos 18 e 19. Ao lado da Igreja está a casa onde morou Castro Alves.

A Igreja do Santíssimo Sacramento do Passo foi construída em 1736 com estrutura em alvenaria de pedra e tijolos e interior neoclássico. A edificação foi tombada em 1938.

Reabertura

Após 20 anos fechada e passar por uma restauração, a igreja foi reaberta para missa e visitações esse ano.

No dia em que visitamos, aconteceu uma cerimônia religiosa de reabertura.

Foi a única igreja que visitamos que estava em boas condições de preservação.

Tudo graças ao trabalho minucioso de recuperação que incluiu as imagens dos santos e os quadros simbolizando passagens bíblicas.

Na igreja, os azulejos das torres pintados a mão, vieram de Portugal.

Já o teto da nave tem pintura de perspectiva ilusionista barroca.

A coroa sobre o altar-mor, construída há 280 anos e onde fica a imagem de Jesus Cristo na cruz, foi totalmente refeita e ganhou cabos de aço para sustentar seus 800 kg.

Continuando o passeio pelo Centro Histórico, ainda é possível visitar o Museu Benin, na região do Pelourinho. Lá funciona uma mostra permanente de artesanato do país africano com metais, cerâmica, tapeçaria e cestaria. O museu funciona de segunda a sexta, das 11 às 17h.

Quem quiser ver o espetáculo do Balé Folclórico da Bahia pode ir ao Teatro Miguel Santana. As apresentações tem 1 hora de  duração e acontecem todos os dias às 20h, exceto domingos e terças. Os ingressos custam R$ 60 e podem ser adquiridos até às 19h.

Largo do Pelourinho

Ao chegar ao Largo do Pelourinho, impossível não lembrar do clip de Michael Jackson com o Olodum.

Mas aqui também há lindas edificações, como a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, toda azul, construída no século XVIII. A visitação é de domingo a segunda, das 9h às 18h.

Outro prédio que compõe o cenário do largo é o da Fundação Casa de Jorge Amado, onde na verdade o escritor nunca morou.

A fundação guarda um acervo constituído por obras de Jorge Amado, coleção de fotos, vídeos, cartazes e objetos relacionados ao autor e suas obras, além de arquivos, cartas e documentos. O local funciona de segunda a sexta, das 10 às 18h e aos sábados, das 10h às 16h.

Saindo do largo há ainda o prédio da primeira Faculdade de Medicina e o Museu Afro-Brasileiro e Museu de Arqueologia e Etnologia, com peças da cultura africana e afro-brasileira. A visitação acontece de segunda a sexta,  das 9h às 15h.

Já no Terreiro de Jesus fica a Catedral Basílica, com visitação de segunda a sábado, das  8h30 às 17h  e no domingo, das 14 às 17h.

Passeio pelo Centro Histórico de Salvador: Igrejas de São Francisco e da Ordem Terceira de São Francisco

Mais dois lugares belíssimos e imperdíveis no Centro Histórico de Salvador: as igrejas da Ordem Terceira de São Francisco e a Igreja de São Francisco.

A primeira, mais recuada por se tratar da Ordem Terceira, ficou pronta em apenas um ano, em 1703.

Porém a obra da fachada ricamente decorada em alto-relevo, um caso único no Brasil, só terminou em 1705.

Já o interior da igreja é todo revestido em talha dourada, com 400 kg de ouro. Para visitar o local, o ingresso custa R$ 5.

Igreja de São Francisco

Em estilo barroco, a Igreja de São Francisco foi edificada entre 1708 e 1723.

A fachada é imponente, mas não tem a riqueza de detalhes da Ordem Terceira, ao seu lado.

Na portaria que dá acesso ao prédio, construída entre 1749 e 1755, oito painéis representam os vultos da ordem franciscana. Já o teto possui uma pintura em perspectiva em apoteose à Virgem.

Ainda na entrada, um pequeno altar de talha barroca é dedicado à São Francisco.

Logo que passamos da portaria, entramos no claustro, que é decorado com 37 painéis inspirados nas gravuras do pintor flamenco Oto Van Veen.

As epígrafes em latim de cada painel são sentenças de Horácio.

Há ainda a sacristia com peças em jacarandá, como dois armários com gavetinhas esculpidas.

O lavabo de pedra com a imagem de Santo Antônio é de 1710.

O teto também possui pintura de perspectiva com a imagem do Cristo Ressuscitado.

Já o altar barroco tem um Cristo em marfim.

Na Sala do Capítulo tem um forro e pinturas ricamente decorados.

O altar desse ambiente é dedicado à Nossa Senhora da Saúde.

Também é possível visitar outra sala com uma coleção de selos e cédulas antigas.

“Igreja de ouro”

Mas é ao entrar na igreja que ficamos sem fôlego.

A “igreja de ouro” possui revestimento em talha dourada com 800 kg de ouro.

Mas a beleza não se resume ao seu reluzente interior.

Os painéis de azulejos que revestem as paredes do fundo representam cenas da vida de São Francisco de Assis.

As grades laterais são de jacarandá e guardam pequenas capelas com imagens de vários santos, como São Benedito.

São muitos detalhes das paredes ao teto.

O ingresso para visitar a igreja custa R$ 5.

Crianças não pagam e não há guia no local.

A igreja fica em frente a um pátio com um cruzeiro, cheio de lojinhas e restaurantes.

Descendo a rua encontramos um grupo que estava fazendo uma espécie de “lavagem” do Centro Histórico, um trabalho voluntário muito importante para o local.

Nas proximidades fica ainda a escola do Olodum.

E a cada cantinho que se olha, uma surpresa nos aguarda, seja em uma fachada colorida, seja em mais uma igreja ou capela secular.

Praça da Cruz Caída

Passando pela Praça da Sé, chegamos a praça da Cruz Caída.

O objetivo do monumento é lembrar a demolição de uma catedral do século XVI.

A praça é mais um ponto do Centro Histórico com uma bela vista da Baía de Todos os Santos.

Tem até uma baiana toda enfeitada com fitinhas do Senhor do Bonfim para receber os visitantes.

Mais acima fica a Igreja da Misericórdia e o Museu da Santa Casa da Misericórdia, que foi fundada em 1549 e abrigou o primeiro hospital da cidade.

O local tem o título de patrimônio histórico nacional, com visitação de segunda a sexta, das 8h às 17h.

E claro, tem o Elevador Lacerda no mesmo largo onde fica a sede Prefeitura e o Palácio Rio Branco.

Pagando 15 centavos, você desce pelo elevador e chega à Baía de Todos os Santos e ao Mercado Modelo, que funciona de segunda a sábado, das 9h às 19h e nos domingos e feriados, das 9h às 14h.

Nas redondezas do Centro Histórico também é possível ver outras igrejas e construções diferentes, como o prédio do Corpo de Bombeiros.

Passeio pelo Centro Histórico de Salvador: opções para comer

O primeiro lugar de todas as listas de restaurantes que já comemos em Salvador é do Senac no Largo do Pelourinho.

O restaurante oferece dois tipos de buffets: um de de comida a quilo, que custa R$ 50, e um de pratos típicos, que foi o que provamos, com 40 opções e 12 sobremesas diferentes.

Tudo o que provamos estava delicioso e inesquecível, como o sabor do pirão de peixe e do abará.

Não é à toa que o buffet do Senac é considerado é um dos melhores de comida típica do país.

O valor é de R$ 51,90 por pessoa, mas crianças até uma certa idade não pagam.

Além de provar a comida maravilhosa do restaurante, é possível visitar o Museu da Gastronomia Baiana, com exposições, loja de doces e livros e galeria.

O local funciona de segunda a sábado, das 9h às 15h30.

O lanche do fim de tarde pode ser na sorveteria A Cubana, do outro lado da rua, com um cardápio bem variado de sabores.

Na rua do Carmo, onde ficamos hospedados, tem os restaurantes Poró, Pysco e o Cafelier, esses dois últimos com vista para a Baía de Todos os Santos.

Almoçamos um dia no Cafelier e optamos por massas e um peixe.

Os pratos são individuais mesmo, não dá pra dividir, já que a quantidade não é generosa.

Também provamos algumas sobremesas, como a torta de maçã.

As porções também são pequenas.

Passeio pelo Centro Histórico de Salvador: observações sobre segurança

Sempre que vamos à Salvador, alguém nos alerta para ter cuidado ao andar nas ruas.

Dessa vez não foi diferente.

Ao sair com a câmera fotográfica na frente do hotel, uma funcionária da igreja correu para me avisar que não deixasse o equipamento à mostra.

Depois disso, só saímos com um celular para fazer os registros.

Todos os dias teve gente pedindo dinheiro e comida, chega até a ficar difícil circular.

Também vimos policiais e viaturas, mas infelizmente fica sempre aquela situação de insegurança.

Se você for de carro para a região do Pelourinho, se prepare para a abordagem de vários flanelinhas que vão te cobrar a bagatela de R$ 25 para “deixar” você estacionar.

E você tem que dar o dinheiro na hora que desce do carro.

Depois eles desaparecem do mapa e você reza pra voltar para o carro em segurança.

Não é exagero gente, é um relato sincero como todos os que fazemos.

Mas ficamos na torcida sempre para que haja investimento em educação e no turismo para que esse cenário se modifique, com oportunidade e dignidade para todos.

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